Em tempo de austeridade prolongada e acentuada, os cristãos são convidados a percorrer um caminho de 40 dias, em direção à Páscoa
Em tempo de austeridade prolongada e acentuada, os cristãos são convidados a percorrer um caminho de 40 dias, em direção à PáscoaPrestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras é o tema que Bento XVI escolheu para a sua mensagem quaresmal de 2012. O Papa dá uma ênfase especial à importância da correção fraterna, para caminharmos juntos em direção à santidade. Vivemos num tempo de desorientação: a cultura contemporânea perdeu o sentido do bem e do mal, sendo necessário reafirmar com vigor que o bem existe e vence, porque Deus é «bom e faz o bem, no dizer do salmo 118. O bem é aquilo que suscita, protege e promove a vida, a fraternidade e a comunhão. Para Bento XVI, a responsabilidade pelo próximo significa querer e favorecer o bem do outro, desejando que também ele se abra à lógica do bem; interessar-se pelo irmão quer dizer abrir os olhos às suas necessidades. a palavra mais badalada nos últimos tempos escreve-se com apenas cinco letras: crise.com ela designamos os grandes problemas económicos que o mundo atravessa e que estão a castigar severamente grandes grupos humanos. Mas esta palavra tem outros significados, quando aplicada a vários domínios da vida humana e da sociedade. a crise abala as nossas seguranças, mostra as fragilidades dos fundamentos das nossas torres de Babel. Mas, sobretudo, põe a nu os nossos medos, como um dos maiores problemas do mundo atual. Temos sempre medo de alguma coisa. Medo de perder o trabalho, de não dispor de bastante dinheiro e alimentação, medo do que os outros pensam de nós, de não conseguir vencer e ter sucesso. Uma mente prisioneira do medo vive na confusão e no conflito. O modelo de vida moderno revela graves fragilidades, cria desequilíbrios e injustiças, está a depauperar os recursos da natureza que não são inesgotáveis. É um modelo contrário à santidade de que fala o Papa. Dominados pelo consumismo e despesismo, estamos a dar passos em direção à destruição do nosso planeta. Estamos preocupados em acumular bens, em garantir o nosso futuro e a nossa segurança, sem nos preocuparmos com o irmão que está ao nosso lado, por vezes, privando-o do essencial para viver. Uma sociedade como a atual pode tornar-se surda quer aos sofrimentos físicos, quer às exigências espirituais e morais da vida, denuncia Bento XVI. O tempo quaresmal é um tempo de crise. Encaminhados espiritualmente para o deserto, a Igreja convida-nos a questionar as nossas opções e atitudes, a nossa relação com a natureza e com o próximo. a Quaresma é tempo de aprender a cultura da sobriedade em época de crise. Trata-se de respeitar a criação, não abusando dos bens que ela nos concede. Descobrir a vontade de Deus é descobrir o que Ele nos quer fazer compreender neste momento de provação. Passada a tormenta, o mundo já não será o mesmo. Depende de nós descobrir e aprender novos modelos de comportamento mais evangélicos e mais respeitadores da obra de Deus.