Fadul é até agora o único candidato formal à Presidência da Guiné-Bissau
Fadul é até agora o único candidato formal à Presidência da Guiné-BissauO antigo presidente guineense, João Bernardo (Nino) Vieira, voltou este fim-de-semana a Conacri, depois de 48 horas em Bissau, a fim de testar se ainda tinha apoios, perto de seis anos após o seu derrube pelos militares e partida para o exílio, em Portugal.

alguns dos seus amigos disseram à imprensa que ele deverá ir novamente à Guiné-Bissau, daqui a três ou quatro semanas, para aí­ permanecer “um largo período”, quando o país estiver em plena campanha para as eleições presidenciais de 19 de Junho.

O helicóptero militar da República da Guiné em que se fez transportar, colocado à sua disposição pelo Presidente Lansana Conté, partiu das instalações da armada, onde estava desde quinta-feira, quando Nino apareceu perante milhares de simpatizantes, colocando em xeque o governo de Carlos Gomes Júnior.

Os seus apoiantes, que incluem um vice-presidente do Partido africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PaIGC), aristides Gomes, afirmaram à agência Lusa que ele deve seguir esta semana para Portugal, onde ainda não se sabe se poderá continuar a gozar durante muito mais tempo do estatuto de exilado político.

Uma das particularidades da Política guineense dos últimos tempos foi a aproximação de Nino e da ala do PaIGC que lhe é afecta ao Partido da Renovação Social (PRS), de Kumba Ialá, outrora um adversário político, particularmente nos anos decorridos entre 1994 e 1999.

alguns quadros do grupo político maioritário do país, criado em 1956 por amílcar Cabral e aristides Pereira, entendem mesmo que Nino, Ialá e outros políticos estiveram de certo modo envolvidos nos incidentes de Outubro do ano passado, nos quais foi morto o Chefe do Estado-Maior-General das Forças armadas, Verí­ssimo Correia Seabra.

O general abatido por elementos amotinados tinha estado em 1999 ao lado do brigadeiro ansumane Mané na junta militar que derrubou Nino e foi depois, em 2003, o protagonista da deposição de Ialá, tendo chegado nessa altura a manifestar publicamente a intenção de assumir a chefia do Estado, o que só não lhe foi possível devido à pressão internacional.

Desde essa altura, a presidência da República tem vindo a ser assegurada interinamente pelo empresário Henrique Rosa, escolhido pela sociedade civil como figura de consenso, especialmente recomendada pelo bispo católico de Bissau, José Câmnate na Bissign.

até ontem, a única candidatura oficialmente apresentada ao Supremo Tribunal para as presidenciais de Junho era a do antigo primeiro-ministro de transição Francisco José Fadul, líder do Partido Unido Social Democrata (PUSD), que poderá vir a beneficiar tanto da impossibilidade legal de Kumba Ialá concorrer como das divisões no âmbito do PaIGC. Mas durante os próximos oito dias a situação poderá ficar mais bem definida.