Uma década depois da entrada do Banco do Tempo em Portugal, muitos «clientes» ainda não conseguiram interiorizar a essência do projeto

Uma década depois da entrada do Banco do Tempo em Portugal, muitos «clientes» ainda não conseguiram interiorizar a essência do projeto
«O problema do Banco do Tempo é que há muita gente a dar e pouca a querer receber, explica a coordenadora da agência da Penha de França, à agência Lusa. Maria Elisa Carvalho salienta que o projeto não assenta numa lógica de voluntariado, mas de troca de serviços. O Banco do Tempo (BT) funciona como uma instituição bancária, com a especificidade de, em vez da moeda ser o dinheiro comum, ser o tempo. O banco «não é o voluntariado duro, em que a pessoa dá e não recebe nada. Quem dá tem de receber, afirma a coordenadora Banco do Tempo do Lumiar. Irene de Freitas Silva passou a ter cabeleireiro gratuitamente e, por sua vez, a cabeleireira passou a ter aulas de Inglês e Informática. adelaide Lopes, coordenadora do Banco do Tempo da Foz (Porto) fez um inquérito aos 183 membros e concluiu que «a construção de relações pessoais mais humanas e solidárias foi o que mais contribuiu para a vida das pessoas. a responsável da Foz assinala que «a partir de uma certa altura, as pessoas ficam tão amigas que o Banco do tempo já não se justifica e a necessidade inicial desaparece. É um fenómeno muito engraçado, comenta. Um Banco do Tempo pode servir para construir uma cultura de solidariedade, em particular, «em cidades como Lisboa há pessoas que estão isoladas e o Banco do Tempo pode servir para ultrapassar essa situação, diz a coordenadora da agência de Penha da Fé. «Quero que as pessoas sejam mais solidárias, se conheçam e se ajudem, acrescenta Elisa Carvalho. Em Portugal há 1. 700 pessoas inscritas nas 32 agências espalhadas pelo país, a maioria mulheres e com idades entre os 50 e os 70 anos, segundo Teresa Branco, do movimento GRaaL, coordenador do banco central do projeto.começa a existir «um interesse crescente em bancos de tempo escolares, como os que já existem na Póvoa de Varzim e em Cascais, adianta Teresa Branco.