Papa defende na mensagem para a Quaresma que este tempo «oferece-nos a oportunidade de refletir mais uma vez sobre o cerne da vida cristã: o amor»
Papa defende na mensagem para a Quaresma que este tempo «oferece-nos a oportunidade de refletir mais uma vez sobre o cerne da vida cristã: o amor»«Este é um tempo propício para renovarmos, com a ajuda da Palavra de Deus e dos Sacramentos, o nosso caminho pessoal e comunitário de fé, afirma o Pontífice. Um percurso marcado pela «oração e a partilha, pelo silêncio e o jejum, com a esperança de viver a alegria pascal, acrescenta. Os 40 dias que têm início esta quarta-feira e vão até à Páscoa são assinalados como tempo de conversão e penitência, e até mesmo as vestes litúrgicas têm uma cor diferente: o roxo.
O Santo Padre escolhe um pensamento da Carta aos Hebreus para aprofundar três aspetos da vida cristã: prestar atenção ao outro, a reciprocidade e a santidade pessoal. Bento XVI convida a «observar bem, estar atento, olhar conscienciosamente, dar-se conta de uma realidade. Ou seja, «a fixar o olhar no outro, a começar por Jesus, e a estar atentos uns aos outros, a não se mostrar alheio e indiferente ao destino dos irmãos.

O Pontífice adverte para a existência de uma cultura contemporânea que perdeu o sentido do bem e do mal e o perigo de uma «espécie de ‘anestesia espiritual’, que nos torna cegos aos sofrimentos alheios. a riqueza material e a saciedade, mas também os interesses e preocupações próprias podem impedir esse olhar. À responsabilidade e cuidado pelo outro na vertente dos bens materiais, mas, hoje, «quase não se fala da responsabilidade espiritual pelos irmãos, sublinha o Papa. Recuperar a dimensão do amor cristão, de corrigir os que erram é o desafio apontado. «Não devemos ficar calados diante do mal, afirma.

Uma sociedade como a atual «pode tornar-se surda quer aos sofrimentos físicos, quer às exigências espirituais e morais da vida, realça Bento XVI lembrando que na comunidade cristã tal não deve acontecer. Pela Eucaristia, unidos a Cristo, cada um é responsável pelo outro: a sua vida e salvação. «O amor pelos irmãos, do qual é expressão a esmola – típica prática quaresmal, juntamente com a oração e o jejum – radica-se nesta pertença comum. Também com a preocupação concreta pelos mais pobres, pode cada cristão expressar a sua participação no único corpo que é a Igreja, diz o Santo Padre.

No terceiro e último ponto da mensagem para a Quaresma de 2012, o Papa desafia os fiéis a caminharem juntos na santidade. Pôr os talentos a render e imitar as virtudes de Cristo, acolhendo «o convite, sempre atual, para tendermos à ‘medida alta da vida cristã’, como João Paulo II o expressou na Carta apostólica «Novo millennio ineunte e que Bento XVI cita. E termina com o apelo aos cristãos de «um renovado testemunho de amor e fidelidade ao Senhor, à vista de todos, no amor, no serviço e nas obras boas.