Portugueses de Gentilly, França, resistem à crise, mas sentem-se abandonados, refere à Lusa o padre Pedro Marques, da paróquia dos arredores de Paris. Cresce entre os paroquianos o sentimento de «abandono»
Portugueses de Gentilly, França, resistem à crise, mas sentem-se abandonados, refere à Lusa o padre Pedro Marques, da paróquia dos arredores de Paris. Cresce entre os paroquianos o sentimento de «abandono» a presença portuguesa em Gentilly é histórica e expressiva. Entre as mais de três mil pessoas que frequentam a paróquia portuguesa, são pontuais os pedidos de ajuda e, em geral, a comunidade tem resistido ao impacto da crise. Os pedidos de ajuda são casos muito pontuais e outros também muito concretos. Pedro Marques deu um exemplo. Quando uma pessoa morre e os familiares precisam de ajuda para realizar o funeral em Portugal. Desde que chegou, há cinco anos, o sacerdote nota apenas pequenas diferenças: agora há mais pessoas que chegam sem terem ainda trabalho, arriscam mais. Isso era menos frequente. a França tem menos oferta de emprego do que há uns anos. Há quase mil crianças na catequese e quatro turmas de estudo de língua portuguesa. a catequese é em português. Deste modo a Igreja é um espaço de cultivo da identidade portuguesa. Houve sempre uma teimosia em fazer da catequese um espaço da língua portuguesa Os manuais são em português, mas a maioria das conversas é em francês, explicou o sacerdote. Essa é já a primeira língua da maioria dos catequistas e também das crianças. Pedro Marques destacou ainda outra mudança que vem observando ao longo dos últimos anos: No coração desta comunidade está a crescer o sentimento de que o país está a abandonar os portugueses aqui, a começar pelo abandono de pequenos grandes serviços como as aulas de português ou o encerramento de consulados. Há tempos foi preciso encontrar um professor para substituir uma colega em licença de maternidade e tiveram que ser os pais e a paróquia a resolver a situação porque o Estado não deu resposta. Muitos pais perguntam: Para que nos serve, então, o nosso país?.