Em entrevista, o missionário da Consolata brasileiro, João amâncio, apresenta a sua visão sobre a rivalidade entre os cristãos e aponta para a necessidade de ir ao encontro do outro mesmo que ele não queira
Em entrevista, o missionário da Consolata brasileiro, João amâncio, apresenta a sua visão sobre a rivalidade entre os cristãos e aponta para a necessidade de ir ao encontro do outro mesmo que ele não queiraFátima Missionária: Considera que há rivalidade entre os cristãos? O que fazer para a combater e promover a união?João amâncio: Sim. Estamos em pleno século XXI e vivemos numa era digital onde comunicamos com muita facilidade, porém ainda não sabemos construir relações fraternas e duradouras com os nossos irmãos que partilham a mesma fé. a Igreja católica já deu grandes passos, mas o convite para vencer as rivalidades não depende só da Igreja enquanto instituição, mas de cada cristão na prática da sua fé quotidiana. O que devemos fazer? Para vencermos esta rivalidade teremos de criar uma posição de renúncia à competição entre nós. Precisamos de nos abrir uns aos outros, oferecer e receber dons uns dos outros, para que possamos verdadeiramente entrar na nova vida em Cristo, que é a única verdadeira vitória. FM: Uma maior proximidade entre os cristãos de diferentes confissões promove a tolerância e diminui a rivalidade entre as mesmas?Ja: Sem dúvida que sim, a maior proximidade e a união entre as diversas igrejas cristãs, deveria ser o objetivo primordial daqueles que acreditam que Cristo veio unir e não desunir, veio agrupar, formar pontes e não seitas isoladas divididas entre si. Quando cada cristão perceber o potencial e o valor do outro, as rivalidades deixarão de existir. Temos que ter a coragem de ir ao encontro do outro, mesmo que esse outro não queira a união. Temos que dar o primeiro passo. No Brasil, existe um Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (CONIC) que reúne católicos, luteranos, ortodoxos, presbiterianos e anglicanos. Juntos, unidos pelo amor de Deus, pela confissão da fé comum e pela missão de anunciar e lutar pela paz e a justiça, têm obtido bons resultados. É um bonito exemplo para outras Igrejas. FM: O que pensa do tema da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2012, «Todos seremos transformados pela vitória de nosso Senhor Jesus Cristo?Ja: Para este ano de 2012, todo o material elaborado para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos foi preparado por um grupo de trabalho composto por representantes das Igrejas Católica, Ortodoxa e Igrejas protestantes que desenvolvem atividades na Polónia. Esse tema surgiu a partir de amplas discussões entre os representantes de vários círculos ecuménicos na Polónia. Tem como base as palavras de São Paulo aos Coríntios, acerca da natureza temporária da nossa vida presente em comparação com o que recebemos através da vitória de Cristo pelo mistério pascal. Gosto particularmente do tema, porque se realmente fizermos um esforço para nos unirmos aos outros é claro que seremos transformados e essa transformação só poderá vir de Cristo. Esse tema diz respeito ao poder transformador da fé em Cristo, particularmente no que se refere aÌ€ nossa oração pela unidade visível da Igreja, que é o Corpo de Cristo, e nós só seremos transformados quando fizermos parte desse mesmo corpo.