O economista e catedrático angolano, Alves da Rocha, alerta que “Portugal está a exportar o seu desemprego para angola”. O processo poderá provocar “fissuras sociais”. Luanda deve reservar empregos para os nacionais, afirma o economista
O economista e catedrático angolano, Alves da Rocha, alerta que “Portugal está a exportar o seu desemprego para angola”. O processo poderá provocar “fissuras sociais”. Luanda deve reservar empregos para os nacionais, afirma o economistaAlves da Rocha recorda que angola tem uma elevadíssima taxa de desemprego, calculada em 26 por cento, enquanto os governantes portugueses apontam a emigração como uma possível saída para a crise. a comunidade portuguesa no país já está avaliada em cerca de 130 mil pessoas, refere a agência Lusa. Trata-se de uma comunidade com uma componente técnica muito importante”, que acaba por barrar a entrada de quadros angolanos no mercado de trabalho. O governo português tenta encontrar na emigração uma saída para diminuir as tensões sociais decorrentes da crise. O catedrático avisa que angola poderá sofrer as consequências dessa aposta. as relações com Portugal vão acabar por agravar a situação do desemprego em angola, afirmou Alves da Rocha, nas vésperas da deslocação do ministro da Economia angolano a Lisboa. Professor catedrático da Universidade Católica de Luanda, Alves da Rocha afirmou que a instituição já está a sentir o problema: Os nossos jovens licenciados não têm um leque de oportunidades junto das empresas estrangeiras e as empresas angolanas ainda são poucas e não têm capacidade para absorver a capacitação técnica que as universidades vão lançando para o mercado. Para o economista, compete às autoridades angolanas reservar segmentos de emprego para os nacionais, porque os jovens angolanos confrontam-se com uma concorrência desleal: Estamos a concorrer com quadros portugueses com alguma experiência, o que os nossos quadros não têm. Alves da Rocha recordou que os estrangeiros auferem salários duas, três, quatro vezes superiores aos nacionais, o que pode implicar reações sociais indesejáveis. Para o economista, tudo isto gera fissuras sociais, quando o que se pretende é que haja uma cooperação salutar, em que as pessoas que falam a mesma língua se possam entender. Alves da Rocha criticou ainda as linhas de crédito que existem em angola, nomeadamente a brasileira, recentemente aumentada para cinco mil milhões de dólares, a chinesa ou a portuguesa. São linhas de crédito que servem as empresas portuguesas, brasileiras, chinesas e não as empresas angolanas. a situação tem de ser mudada. Toda a linha de crédito destinada a salvar as empresas portuguesas produtoras de bens de consumo final da situação de crise em Portugal é um canal de transmissão da crise portuguesa para a crise angolana, concluiu o especialista.compete ao governo angolano definir os limites de utilização dessas linhas de crédito. ainda sobre as relações económicas entre Portugal e angola, Alves da Rocha lamentou que continue a prevalecer uma atitude comercial em prejuízo de uma atitude de investimento, embora reconheça que tem havido um aumento do investimento privado português em angola. O ministro da Economia angolano, abraão Gourgel, desloca-se na segunda-feira, 23 de janeiro, a Lisboa, onde deverá participar, juntamente com o homólogo português, na conferência «angola 2012 – Relações comerciais e de investimento, promovida pela Câmara de Comércio e Indústria Portugal-angola.