Em Portugal aqueles que atingem a reforma aos 65 anos, uma grande parte continua a trabalhar. Os números são do Eurostat que apontam para 335 mil pessoas, entre cerca de dois milhões de habitantes nessas condições, uma percentagem de 16. 5 por cento
Em Portugal aqueles que atingem a reforma aos 65 anos, uma grande parte continua a trabalhar. Os números são do Eurostat que apontam para 335 mil pessoas, entre cerca de dois milhões de habitantes nessas condições, uma percentagem de 16. 5 por centoas estatísticas daquele organismo divulgadas na passada sexta-feira são referentes ao ano de 2010 e englobam os 27 membros da União Europeia (UE) sendo os portugueses a ocuparem o primeiro lugar. a seguir ao nosso país está a Roménia, com 13 por cento e Chipre, com 12,9 por cento. Bastante mais longe estão a Irlanda, Reino Unido e Estónia, na casa dos 8 por cento. Os últimos da tabela são a França e Eslováquia, com 1. 6 por cento. Em média, a taxa de emprego entre os cidadãos europeus com 65 anos ou mais ronda os 5 por cento. Comparativamente a 2000, quando havia 305 mil portugueses a trabalharem na idade da reforma, em 2010 registou-se um acréscimo de 30 mil trabalhadores idosos. Uma tendência que deverá sofrer novo agravamento nos próximos anos. Por outro lado, uma sondagem Eurobarómetro divulgada no passado dia 12 em Bruxelas revela que 27 por cento (mais de um quarto) dos portugueses está disponível para continuar a trabalhar depois da idade da reforma. Convém notar que o estudo mostra que na média da UE são 33 por cento as pessoas disponíveis para continuar no mercado de trabalho mesmo que tenham atingido a idade em que passam a ter direito a uma pensão. Em relação a um possível aumento da idade da reforma, a grande maioria dos portugueses (73 por cento) recusa esta hipótese (na UE são 60 por cento), contra 17 por cento que se mostraram favoráveis à medida (a nível europeu são 33 por cento). Estes números que agora foram dados a conhecer pelo Eurostat e Eurobarómetro devem merecer uma reflexão muito atenta, tendo em conta que o ano de 2012 foi designado pela UE como o ano Europeu do Envelhecimento ativo e da Solidariedade (aEEaS), ou seja, é o ano dedicado aos mais idosos. É intenção da UE chamar a atenção para o contributo das pessoas mais velhas para a sociedade, promovendo medidas que ofereçam melhores oportunidades para que as mesmas se mantenham ativas. a UE defende a necessidade de trabalhar para além da idade da reforma: “Um envelhecimento ativo significa que os grupos com mais idade têm possibilidade de permanecer no mercado de trabalho e de partilhar as suas experiências. E continuar a ter um papel ativo na sociedade”. Mas como não há bela, sem senão, o aumento do número de idosos a trabalhar coincide com o agravamento de jovens desempregados. Em 2000 havia 58. 1 mil com menos de 25 anos sem trabalho, mas em 2010 o número subiu para 95. 4 mil. Não parece ser fácil conciliar o emprego, ou desemprego, que se verifica em Portugal entre os mais novos (que não encontram trabalho) e os mais velhos que, devido às baixas reformas, necessitam de trabalhar. Convém lembrar que em 2010 havia 1. 5 milhões de pensionistas com reformas inferiores a 485 euros, muitos dos quais continuam no mercado de trabalho. Nunca foi tão necessário como agora olhar para o problema do emprego, ou a falta dele, com equidade, bom senso e sobretudo inovação. Os velhos já não podem emigrar, mas não deve ser apontado esse caminho aos mais novos, pelo contrário, devem ser criados incentivos para que haja lugar para todos. O segredo passará porventura por voltar a uma sociedade onde os verdadeiros valores (passe a redundância) sejam a mola de um crescimento sustentado, baseado especialmente na família, seja cristã ou não. É absolutamente imperioso corrigir os desvios, por vezes incentivados, das classes políticas e outras, que defendendo unicamente os seus interesses (e direitos) esquecem os que mais precisam.