Num ambiente austero, os cristãos sírios celebram o Natal tingido de luto pelos os mortos do seu país. Receiam pela sua segurança caso os islamitas cheguem ao poder após a possível queda de Bashar al assad
Num ambiente austero, os cristãos sírios celebram o Natal tingido de luto pelos os mortos do seu país. Receiam pela sua segurança caso os islamitas cheguem ao poder após a possível queda de Bashar al assadOs enfeites e as luzes que no passado decoravam casas e igrejas desapareceram. Os fiéis limitam-se às celebrações religiosas. a festividade do Natal está ensombrada pelos mais de cinco mil mortos que, segundo as Nações Unidas, se registam desde o início dos protestos em meados de Março passado por causa da repressão. as forças da ordem não conseguiram evitar que os manifestantes saíssem às ruas de cidades sírias das províncias Deraa (sul), Homs (centro) e Hama (centro), entre outras. O governo sírio acusa os radicais islâmicos de ameaçarem o regime.

Pertencentes a várias confissões, como a ortodoxa, a católica e a assíria, os cristãos representam 10 por cento dos 22 milhões de sírios e estão presentes na região há dois mil anos. a Síria é o meu país. Nasci aqui e morrerei aqui. Farei o que for preciso para protegê-la e acho que deveríamos dar uma oportunidade ao regime, afirma um cristão. Contrário à violência, este cristão mostrou-se muito triste pela morte dos seus compatriotas: O Natal deste ano está a quebrar o meu coração, afirmou emocionado.

Uma jovem universitária expressou a sua preocupação com a possibilidade dos islamitas tomarem conta do poder. É muito difícil para mim pensar assim, mas não posso imaginar os radicais islâmicos a tomar o controlo, disse a jovem. O analista político, Sami Mubayed, de credo muçulmano, considerou que os cristãos sírios não deveriam ter medo e citou números para apoiar a sua opinião. O Islão político nunca chegará ao poder na Síria, onde 10 por cento da população é cristã e nunca apoiaria os Irmãos Muçulmanos, assim como os xiitas e alauítas, que representam 15 por cento da população, ou três por cento de drusos e dois por cento de outras comunidades. O mesmo se passaria com 15 por cento de curdos sírios e 10 por cento das tribos beduínas, que nunca dariam o seu apoio a um partido islâmico. No total somam 55 por cento, aos quais se acrescenta 25 por cento de maioria sunita, que são laicos ou simplesmente gente que não é atraída pelo Islão político, acrescentou Sami Mubayed.
Os receios dos cristãos provêm dos acontecimentos dos últimos meses noutros países árabes, como a Tunísia e Egipto, onde os protestos estão agora a abrir portas a governos islamitas. No Egipto, imerso num longo processo eleitoral, os resultados preliminares dão a vitória aos Irmãos Muçulmanos, seguidos dos salafistas (muçulmanos rigoristas), enquanto na Tunísia os partidos islamitas ganharam as eleições, após a queda do regime de Zine el abidine ben ali. Na Líbia, as novas autoridades declararam que imporão a sharia ou lei islâmica.