Os maquinistas (cerca de 1. 200) da CP decidiram fazer greve este Natal, é um direito que lhes assiste segundo o art. º 57 da Constituição. apesar disso, não respeitaram a liberdade de transporte de milhares de portugueses, o que é um direito deles também
Os maquinistas (cerca de 1. 200) da CP decidiram fazer greve este Natal, é um direito que lhes assiste segundo o art. º 57 da Constituição. apesar disso, não respeitaram a liberdade de transporte de milhares de portugueses, o que é um direito deles também a comemoração do Natal é sempre especial, o tempo da reunião das famílias, e quantas se deslocam de um lado para o outro utilizando os mais variados meios de transporte, sobretudo os comboios nas cidades, arredores ou mesmo para distâncias longínquas. O Sindicato dos Maquinistas da CP convocou uma greve para 24 e 25 invocando reivindicações que até poderão ser justas, mas esqueceram, ou não quiseram ter em conta os direitos dos passageiros. É de bom senso que a greve de qualquer classe de trabalhadores seja o último recurso no sentido de encontrar resposta para os seus problemas, mas nas últimas décadas a maior parte dos sindicatos convocam uma greve “por dá cá aquela palha”. Há uma irresponsabilidade tremenda na actuação dos dirigentes sindicais que não adequam os direitos dos trabalhadores com os direitos da população restante do país e ao não o fazerem prejudicam os próprios trabalhadores que ficam com o ónus da recriminação do público. a maior parte das greves que são convocadas têm como base problemas salariais, o que revela a forma de pensar dos responsáveis.
Para além da greve temos que pesar as implicações financeiras daí decorrentes e que no caso da CP já foram estimadas em 2,5 milhões de euros de prejuízo, ou seja, na situação actual de grande debilidade económica em que se encontra o país, os maquinistas estão a contribuir para afundar ainda mais uma empresa pública. Na TaP também os pilotos fizeram um aviso de greve que, apesar de ter sido desconvocada, provocou perdas à companhia “nunca inferiores a 10 milhões de euros” de acordo com dados divulgados pelo porta-voz da companhia aérea. Nesta companhia desde há bastante tempo que existe um certo mal-estar entre outros sectores que a englobam e que acusam os pilotos de serem egoístas, mas reconhecendo que “os pilotos são essenciais à actividade da companhia”, embora que “se voarem aviões vazios de passageiros, sem manutenção, sem combustível, sem planos e autorizações de voo, não voam para nada”. Estamos a falar de uma companhia que atingiu 137 milhões de euros de prejuízo no primeiro semestre deste ano, palavras para quê?

Como em tudo, há necessidade de avaliar os prós e contras do exercício do direito à greve. Cabe, em grande parte, aos dirigentes dos sindicatos conduzir os seus sindicalizados para obterem o que pretendem, mas respeitando a população, pois de contrário estão a penalizar uns e outros. Uma utente dos comboios ouvida ontem em Sete Rios (Lisboa) pela Lusa disse que é: “Sacanice fazer greve nesta altura”, em que as pessoas usam o comboio para se reunirem com as famílias, apelando a “outras formas de luta, sem prejudicar as pessoas” o que classifica de “muito baixo”. É desta forma que a maior parte das pessoas reagem quando são espoliadas dos seus direitos, é preciso que os responsáveis tirem conclusões das situações que criam. Na nossa sociedade há cidadãos mais iguais que outros e esse mal não se verifica apenas em relação aos sindicatos, dado que infelizmente já se generalizou. Mas hoje é dia de Natal, vamos apelar à compreensão entre as pessoas para que estes casos de injustiça não continuem, pois as consequências recaem, na sua generalidade, sobre os mais fracos.