Mais de 40 anos depois do fim da guerra, campos e florestas do Laos ainda escondem 80 milhões de engenhos explosivos e minas terrestres. O legado impede o desenvolvimento deste empobrecido país do sudeste asiático
Mais de 40 anos depois do fim da guerra, campos e florestas do Laos ainda escondem 80 milhões de engenhos explosivos e minas terrestres. O legado impede o desenvolvimento deste empobrecido país do sudeste asiáticoEntre 1964 e 1974, a planície das Jarras, onde o Vietname do Norte estabeleceu as suas bases, foi bombardeado a cada oito minutos. O território laociano é um cemitério de engenhos explosivos. Todos os dias, os agricultores laocianos arriscam as suas vidas para irem trabalhar no campo, onde facilmente podem deparar-se com explosivos e minas terrestres, explica a directora do Centro de Informação da artilharia sem Detonar, de Luang Prabang, a laociana Nu Kantanon. Segundo esta organização, encarregada de localizar e destruir os projécteis da guerra, mais de 22 mil pessoas morreram por conta das explosões registadas na região desde 1974 até hoje.

Um morto ou um ferido por conta da explosão de uma mina traz profundas consequências e um dano irreparável para a família. Trata-se de uma firme marca do perigo que amedronta toda a comunidade, explica diz Nu Kantanon. Entre 1963 até 1974, os Estados Unidos lançaram cerca de 270 milhões de bombas e minas terrestres no território laociano, segundo os cálculos do Programa Nacional do Laos para a artilharia sem Detonar. Os implacáveis bombardeios das forças americanas tentaram destruir o corredor conhecido como trilho de Ho Chi Minh, que era usado pelo exército vietcong para abastecer suas tropas infiltradas no sul do país. Em quase todas as províncias de Laos já se registaram incidentes relacionados com a explosão de minas terrestres, um engenho que continua com carga activa apesar da passagem dos anos.

Há regiões onde o nível da superfície contaminada pelos projécteis é tão alto que muitos trabalhadores precisam de adaptar o seu modo de viver ao perigoso legado da guerra. Na maioria das vezes, os trabalhadores são obrigados a reduzir de maneira considerável as zonas de cultivo dos terrenos, indica a encarregada do centro de Luang Prabang. as minas terrestres representam um obstáculo para a economia do país, onde 75 por cento da população se dedica à agricultura e à pecuária em nível de subsistência. além de afectar o sector primário, base da economia deste país comunista, a presença destas minas terrestres dificulta a construção de novas infra-estruturas e impede um maior desenvolvimento do sector turístico. apesar da economia crescer anualmente aproximadamente sete por cento, o Laos é um dos países mais pobres e menos desenvolvidos do Sudeste asiático.