Conferência Episcopal Portuguesa publica nota pastoral em tempo de crise e na quadra natalí­cia, no final de reunião em Fátima. Bispos apelam à solidariedade
Conferência Episcopal Portuguesa publica nota pastoral em tempo de crise e na quadra natalí­cia, no final de reunião em Fátima. Bispos apelam à solidariedadeOs prelados constatam que a sociedade portuguesa «vive uma conjuntura difícil, que afecta a generalidade dos seus membros e particularmente aqueles muitos que se viram privados de trabalho e de condições económicas suficientes para o bem-estar próprio e dos seus. Fruto da crise e do desemprego as condições de vida de muitas famílias diminuíram drasticamente, «a classe média enfraquece e agudiza-se a desproporção dos rendimentos. a crise não dispensa a acção dos vários corpos sociais e políticos, mas requer «aprofundamento e até mudança no que a cada um mova como expectativa ou ideal, para a vida própria e alheia. Nada se fará sem «co-responsabilidade forte, compromisso de pessoas e grupos e solidariedade prática, para salvaguardar e acrescentar um bem verdadeiramente comum, garantem os prelados.

Os «sacrifícios que nos são pedidos e as exigências que nos são apresentadas são de todos para todos, sem dispensar ninguém, defendem. E por isso criticam aqueles que privilegiam a «idolatria do lucro, ostentação e despesismo e pedem a sua conversão em estilos de vida sóbria, em que a partilha seja regra de vida e não uma excepção reservado a generosos. Nesta mensagem e quadra natalícia apelam à fraternidade a pessoas necessitadas ou a instituições que as servem e recordam que «os cristãos são aliados naturais dos débeis e pobres e que estão ao seu lado como seus defensores, amigos e servidores, pois para quem tem fé, ajudar os outros é servir Jesus Cristo e amar o próprio Deus.

além de tudo o que as instituições católicas vão fazendo, por si ou em colaboração com outras, públicas ou particulares, para minorar os efeitos negativos da presente crise, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) partilha nesta mensagem «princípios sociais que fundamentalmente assumimos. Há quatro princípios basilares apresentados pela CEP: dignidade da pessoa humana, bem comum, subsidariedade e solidariedade.

a solidariedade é um dos pontos desta mensagem. Ela caracteriza-se por uma «atitude permanente e geral de partilha: o que alguns detêm em vez dos outros é o que precisamente têm para os outros, pois toda a propriedade tem dimensão social, salientam os bispos. E neste tempo em que muitos precisam, a CEP refere que a solidariedade não atropela a subsidiariedade. E lembram que «a criação é bem comum de todos e para todos e os ganhos próprios só se fruem em pleno quando também se partilham.

Os bispos portugueses defendem que «a qualidade das decisões e das políticas afere-se prioritariamente pelo critério da dignidade da pessoa humana, algo que «legisladores e governantes, empresários e gestores, famílias e cidadãos, todos devemos ter em primeiríssima conta. Sociedade é «comunhão de destino e companhia entre todos, que só em conjunto se podem realizar, sem dispensar ou ultrapassar ninguém e com particular atenção aos mais fracos e vulneráveis, salientam.

E se, na actual conjuntura, o bem comum português «nos induz a consciência mais clara do muito que lhe falta ou pode até recuar, também nos deve mobilizar para responder prioritariamente àquilo que de modo algum pode esperar. a CEP lembra que o trabalho e o emprego é «base indispensável de sobrevivência e dignificação humana; a sua garantia é urgente, mesmo exigindo mais criatividade e solidariedade prática para chegar a todos.

Os bispos não esquecem que, nesta altura de crise e maior provação «os corpos superiores da sociedade devem ir em auxílio (subsidium) e estímulo dos corpos intermédios, para que estes realizem por si tudo quanto já possam ou inovem em benefício do conjunto. a CEP destaca, «pelas provas já dadas na presente conjuntura, a importância dos apoios familiares e das instituições particulares de solidariedade social.