«Com a sua gravidade chocante, a crise actual veio tornar ainda mais visíveis dramas sociais já antigos e provocar outros que pareciam de todo improváveis», salienta o padre Lino Maia
«Com a sua gravidade chocante, a crise actual veio tornar ainda mais visíveis dramas sociais já antigos e provocar outros que pareciam de todo improváveis», salienta o padre Lino Maia« a crise não só tornou mais patentes as grandes carências de pessoas e famílias, já pobres e excluídas, como aumentou, gravemente, o número dessas pessoas que, por via do desemprego, perderam os seus níveis de rendimento e o seu estatuto social, caindo em situações que, outrora, não imaginavam possíveis, afirma o presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS). No editorial do boletim do mês de Dezembro, o sacerdote lembra que aumentou, « a um nível preocupante, o número dos “novos pobres” forçados à humilhação de se exporem.

Entre as causas mais visíveis da pobreza realçam-se: «interesses poderosos incontroláveis, nacionais e transnacionais, a desregulação dos mercados, a livre circulação de capitais, a competitividade sem limites, a cultura e a prática das desigualdades sociais, a insuficiência do diálogo e da concertação, a promoção do consumismo, a rejeição da sobriedade e da poupança, salienta Lino Maia. «Parece até que se pretende superar a crise sem intervir nas suas causas, realça o sacerdote frisando que «a maioria das forças sociais e políticas não se compromete na sua erradicação efectiva da pobreza.

Lino Maia considera que «todos os cidadãos, suas instituições, empresas e outras organizações são sujeitos activos e destinatários da co-responsabilidade; e esta configura-se mais justa se tiver a pessoa humana no centro das suas motivações. O sacerdote defende a criação de uma cadeia solidária de protecção social. Esta teria como centro «cada pessoa e família carenciadas; estas seriam co-autoras e beneficiárias da acção local, reforçada pela nacional.

a «gravidade extrema da crise actual e a nossa co-responsabilidade perante ela tornam imperioso que o diálogo social, a negociação colectiva e a concertação desempenhem um papel fundamental em todos os níveis e sectores, pode ler-se no editorial. «Quanto mais se avançar nesta procura de entendimentos e se preservar o respeito mútuo, mais se viabiliza a superação da crise e do desenvolvimento integral, acrescenta.

O presidente da CNIS salienta que o desafio é o da «co-responsabilidade, na esperança. Ou seja, «todos somos co-responsáveis, em maior ou menor grau, pelas causas da crise e pela sua superação. Na co-responsabilidade assumida constrói-se a esperança e abrem-se caminhos mais gratificantes às gerações futuras, reforça.

as políticas para fazer face à situação dizem respeito à «regulação justa da economia e dos mercados financeiros; à adaptação do «modelo social europeu e do Estado social; à estratégia de desenvolvimento para toda a União Europeia. Mas não se ficam por aí e incluem o combate às desigualdades sociais e esforço sistemático para a erradicação da pobreza; à promoção do desenvolvimento local e nacional, do «terceiro sector, sem fins lucrativos, e ao desenvolvimento da democracia económica, entre outros.