antónio Guterres chama a atenção para o peso desproporcional que suportam os países em desenvolvimento no acolhimento dos refugiados. Mais de 80 por cento estão a cargo desses paísesantónio Guterres chama a atenção para o peso desproporcional que suportam os países em desenvolvimento no acolhimento dos refugiados. Mais de 80 por cento estão a cargo desses países a população total de refugiados e deslocados internos por causa de conflitos atinge, hoje, cerca de 44 milhões de pessoas. Mais de 34 milhões deles vive em países com poucos recursos para enfrentar o problema. Mais de um terço dos 20 estados com maior presença de refugiados e deslocados são pobres, como o Quénia que, no último ano, recebeu milhares de pessoas que fugiam da guerra e da crise de fome da Somália. O alto Comissário da ONU para os Refugiados (aCNUR), antónio Guterres, adverte que a situação representa um excessivo peso e responsabilidade para estes países em vias de desenvolvimento, pedindo o reconhecimento da comunidade internacional da sua tarefa.
Muitos desses estados lutam para dar serviços básicos à sua própria população. a generosidade que demonstram [… ] exige um esforço desproporcional em relação aos seus recursos, explicou antónio Guterres. O alto Comissário abriu a conferência ministerial sobre refugiados e apátridas, com a qual se celebram os 60 anos do aCNUR. No seu discurso, o dirigente português pediu para que se renovem os compromissos dos tratados sobre os quais se baseia o trabalho desta agência das Nações Unidas que, em 2011, completa 60 anos da Convenção Relativa sobre o Estatuto dos Refugiados (1951) e 50 anos da Convenção para a Redução dos Casos de apátridas (1961).
antónio Guterres considerou que é necessário que os países cumpram os compromissos adquiridos nesta matéria e se adaptem a uma situação em contínua mudança. O alto Comissário lembrou que nos últimos tempos a repatriação voluntária de refugiados caiu drasticamente. De uma média de um milhão de regressos anuais, nas últimas duas décadas, passou para cerca de 200 mil, nos últimos dois anos. a consequência é que há ainda sete milhões de refugiados a viver em situações prolongadas de amílcar, o número mais elevado da última década.
as convenções internacionais não estão a adaptar-se à crescente complexidade das novas causas que provocam a deslocação e o refúgio, como as alterações climáticas, o crescimento da população, a insegurança alimentar e a escassez de água. a natureza da deslocação forçada está a evoluir rapidamente, mas as respostas da comunidade internacional não seguiram o mesmo ritmo, criando vazios na protecção dos refugiados e dos deslocados, advertiu. antónio Guterres deu especial destaque à situação de 12 milhões de pessoas distribuídas pelo mundo sem nacionalidade reconhecida, um assunto que, na sua opinião, foi descuidado e abandonado por tempo demais pela agenda global.