Detido pelo Tribunal Penal Internacional de Haia, o antigo presidente da Costa do Marfim enfrenta uma acusação por quatro crimes contra a Humanidade. a violência causada pela recusa de Laurent Gbagbo em aceitar a derrota eleitoral causou 3. 000 vítimas
Detido pelo Tribunal Penal Internacional de Haia, o antigo presidente da Costa do Marfim enfrenta uma acusação por quatro crimes contra a Humanidade. a violência causada pela recusa de Laurent Gbagbo em aceitar a derrota eleitoral causou 3. 000 vítimasO ex-presidente da Costa do Marfim aterrou esta manhã de quarta-feira em Roterdão, Holanda, para depor no Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia. É acusado de crimes contra a humanidade que teriam ocorrido no seu país após as eleições de Novembro de 2010. através de um comunicado, o TPI aponta a sua responsabilidade penal individual e como co-autor de quatro crimes contra a humanidade por homicídios, violações sexuais, perseguição e outros actos desumanos. Detido em 11 de abril em abidjan e transferido para Korhogo, Laurent Gbagbo foi acusado, em agosto, pela justiça do seu país de crimes económicos cometidos durante a crise, que começou com a sua recusa em reconhecer a derrota nas presidenciais de Novembro de 2010. Nesses meses de violência morreram cerca de três mil pessoas.
Laurent Gbagbo é o primeiro ex-chefe de estado a ser julgado no TPI desde a sua fundação, em 2002. Os outros dois líderes denunciados pela corte não foram levados a Haia. O presidente do Sudão, Omar al-Bashir, permanece livre e a governar o seu país. O ex-ditador líbio Muammar Kadafi morreu em Outubro. O tribunal manteve até ao último momento em segredo a ordem de prisão contra o ex-governante, que estava preso na Costa do Marfim desde a sua detenção, em abril. O envio do mandato de prisão a abidjan, capital marfinense, foi anunciado inicialmente pelo advogado de Gbagbo, enquanto em Haia, um porta-voz do TPI, Fadi el abdallah, negava que os juízes tivessem emitido uma decisão pública. a corte de Haia deverá informar qual a situação de Gbagbo e a data do seu depoimento.
O procurador-geral da Costa do Marfim, Simplice Kouadio Koffi, notificou o ex-líder na terça-feira sobre a denúncia de crimes contra a humanidade no TPI, segundo um comunicado lido diante das câmaras da rede nacional RTI pelo substituto do procurador, Luc Djé. Pouco depois, um avião fretado pelo governo marfinense partiu do aeroporto de Korhogo, com destino à Holanda. a recusa de Gbagbo em aceitar a derrota eleitoral no final de 2010 provocou uma onda de violência no país que se prolongou durante seis meses. a investigação na Costa do Marfim é a primeira aberta pelo escritório do promotor-chefe do TPI, Luis Moreno Ocampo, sobre um país que não é membro do Estatuto de Roma (documento que regula o funcionamento da corte), mas que aceitou explicitamente a sua jurisdição. Criado em 2002, o TPI conduz actualmente investigações sobre crimes no Uganda, Sudão, República Democrática do Congo, Líbia, Costa do Marfim e Quénia, mas já abriu investigações preliminares no afeganistão, Geórgia, Colômbia, Guiné, Palestina, Honduras, Coreia e Nigéria.