Paul Thomsen, do Fundo Monetário Internacional (FMI) que lidera a missão de acompanhamento a Portugal, conjuntamente com as equipas da Comissão Europeia e Banco Central Europeu, declarou que deveria haver corte de salários no sector privado
Paul Thomsen, do Fundo Monetário Internacional (FMI) que lidera a missão de acompanhamento a Portugal, conjuntamente com as equipas da Comissão Europeia e Banco Central Europeu, declarou que deveria haver corte de salários no sector privadoEste alto funcionário do FMI, cuja experiência é inegável, pois já liderou as equipas que negociaram a intervenção do organismo na Grécia e Islândia, quer aplicar a mesma receita a Portugal, quando nós sabemos o que já aconteceu na Grécia. as afirmações foram produzidas na quarta-feira passada em comunicado e causaram as mais diversas reacções em quadrantes totalmente diferentes. Cavaco Silva, presidente da República discorda, assim como o Ministro da Economia, o Partido Socialista, os sindicatos liderados pela CIP e UGT, entre outros. Isto apenas revela que a competência não é sinónimo de conhecimento da realidade de um país, se tal acontecesse aquele que é conhecido como o “Senhor FMI” não teria produzido tais afirmações.

Mas vamos ao cerne da questão. a troika constituída pela Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional defendeu, através de um comunicado feito esta quarta-feira, que “os salários no sector privado devem seguir o exemplo do sector público na implementação de cortes de remuneração sustentados”. as razões invocadas por Paul Thomsen foram de que “Portugal tem um problema de competitividade que deve ser resolvido”. E segundo a sua opinião essa falha que compromete o crescimento do país só pode ser superada de duas formas: “Reduzir salários, o que significa que o país fica mais pobre, ou tornar-se mais produtivo. a forma preferida é a produtividade”. Perante as reacções que se seguiram, o funcionário europeu aclarou a sua posição “Não é uma imposição do programa cortar salários no sector privado”.

O que mais nos desgosta nesta situação é a dureza de um burocrata disposto a defender a todo o custo os seus patrões, não tendo sequer a sensibilidade das consequências que tal medida poderia acarretar, mesmo conhecendo-as por que afirmou em relação ao programa do Governo: “É claro que é um programa ambicioso, não há dúvidas, e compreendemos que implica bastantes sacrifícios para os portugueses”. Na realidade, o financiamento que vai ser concedido ao Estado Português (EP) tem juros elevados, superiores ao normal e até diferentes daqueles que emprestou a outros países, a alemanha, por exemplo, o que representa algo de imoral. No entanto, também sabemos que sem este empréstimo não seria possível a sobrevivência económica do EP, pois a situação a que os governantes deixaram chegar este país foi de pré-bancarrota, segundo afirmam diversas personalidades do sector económico e financeiro.

a reacção a estas afirmações por parte do primeiro-ministro (PM) Passos Coelho foi conhecida ontem.como é hábito dizer-se, tentou não entornar o caldo. Confirmou que as tabelas que estão em vigor são aquelas que estão previstas na proposta de orçamento para 2012, ou seja, que não haverá mais alterações a esse diploma. apesar disso, foi dizendo: “Nós podemos escolher e à medida que formos ganhando a confiança daqueles com quem fizemos estes contratos, eles próprios se irão convencendo que nós não precisamos de ser aqui uma espécie de protectorado onde nos dão as ordens e as indicações sobre o que devemos e como devemos fazer”. Justificou que “eles perceberão” que Portugal tem “autonomia”, “sabe o que quer” e vai “lutar para chegar onde interessa”. Embora seja palavreado de “político” vamos acreditar nas suas boas intenções e desejar sinceramente que tal resulte para bem de todo o povo português.