a afirmação é de José Policarpo, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa e reflecte os princípios do organismo a que preside, mas a forma de por em prática esses valores cabe a todos nós
a afirmação é de José Policarpo, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa e reflecte os princípios do organismo a que preside, mas a forma de por em prática esses valores cabe a todos nós a hierarquia da Igreja tem o dever de estar atenta ao evoluir da sociedade, procurando lutar pela defesa dos princípios que norteiam a sua presença entre nós como representante do Cristo Redentor, nunca esquecendo os seus filhos baptizados ou não. as palavras dos representantes da Igreja, sobretudo dos responsáveis, são sempre um farol que permitirá aos outros percorrer o caminho terreno valorizando o ser humano no seu todo. Daí não ser novidade a preocupação da Igreja em apontar rumos tendo em conta o bem comum, defendendo especialmente os mais carecidos.
a Doutrina Social da Igreja é bem clara na defesa do ser humano, e ainda bem, mas é conveniente que saibamos interpretar essas directrizes no seu todo, assim como a aplicabilidade que lhe está subjacente. Continua a verificar-se uma prudência muito peculiar da Igreja no que diz respeito à forma de por em prática os meios de defesa das pessoas, mesmo quando o poder instituído (Estado) não cumpre as suas obrigações enquanto tal. E porquê? É sabido que a Igreja não deseja imiscuir-se na política, mas a verdade é que é por esta via que se criam as desigualdades.

É necessário que haja uma “convivência democrática” entre a Igreja e o Estado, mas também é preciso harmonizar esse tipo de convivência quando o Estado actua ao arrepio do cidadão, de que está ao serviço, convém não esquecer, pois a maior parte dos políticos actua como se fossem os “donos” de tudo, incluindo as pessoas. Por isso “as crises não anulam a democracia” diz, e muito bem, o patriarca de Lisboa quando apela para as “bases de uma sociedade justa e saudável”. Muitos homens e mulheres ligados à Igreja exercem na prática diária tais valores, substituindo muitas vezes o papel que cabe ao Estado.

Quando afirmamos que cabe a todos e cada um de nós pôr em prática os valores da caridade, da partilha e do altruísmo, estamos a incluir mesmo todos, bispos, consagrados e leigos. O exemplo de vida é a melhor catequese que poderemos exercer para com o próximo. O conhecido provérbio “Bem prega frei Tomás; façam o que ele diz, mas não o que ele faz” não pode ser levado à letra, mas é preciso ter muito cuidado na forma como procedemos. José Policarpo foi claro ao dizer que “as crises são portadoras de criatividade”, por isso não tenhamos vergonha de agir como pensamos enquanto cristãos.

a Igreja tem, para além de instituições a ela ligadas, ou conotadas, uma ferramenta eficaz e a mais próxima das populações que poderá ser importantissima para ajudar os que precisam: as paróquias. a maior parte dos sacerdotes a quem estão confiadas são sensíveis e podem desempenhar uma acção de apoio a todos os níveis, quer espiritual, quer material, de acordo com as boas vontades que conseguirem cativar. a caridade para com o próximo faz parte do seu múnus. Já é tempo de a hierarquia lhes conceder o apoio e incentivo possível, mesmo que tal acarrete uma diminuição de receitas que são encaminhadas para as dioceses a que estão ligadas.