antiga candidata à presidência do Brasil, Marina Silva, afirmou que o mundo assiste a uma crise dos modelos políticos tradicionais. Os protestos na Europa são um sintoma do distanciamento entre governos e sociedade
antiga candidata à presidência do Brasil, Marina Silva, afirmou que o mundo assiste a uma crise dos modelos políticos tradicionais. Os protestos na Europa são um sintoma do distanciamento entre governos e sociedadeNeste momento, é como se as pessoas estivessem a sentir-se sem chão, considerou a ex-candidata. Perante uma sensação de desamparo, as pessoas passaram a procurar uma borda para se agarrar e acabaram por se segurar umas nas outras. a população já não se identifica mais com esquerda e direita. Está a defrontar-se com o mundo real, um mundo em que uma pequena parte está incluída nos processos decisórios, explica a líder política ambientalista. Os jovens estão a perceber que as promessas são feitas para todos, mas a possibilidade de realização é apenas para alguns. Marina Silva declarou que, em princípio, as manifestações juvenis não são boas ou ruins. Refere a agência Lusa.

as pessoas devem unir-se para dizer que um determinado grupo não pode ganhar privadamente os lucros das fraudes que fizeram no sistema financeiro e depois privatizar o prejuízo. Marina Silva, que falava em São Paulo, a 4 de Novembro, no Brazil Summit 2011, considerou que para responder à crise são necessários novos processos que obriguem os governos a fazer as coisas com as pessoas e não apenas para as pessoas. Segundo a ambientalista, o uso da internet pode ser um caminho nesta nova etapa da política, referindo-se às recentes manifestações no Brasil, convocadas através das redes sociais, que chegaram a reunir 20 mil pessoas em protestos contra a corrupção. Considerou tais manifestações como um sinal de que o fenómeno que se vê pelo mundo, também está presente no país.

a ex-ministra do ambiente, do Brasil, acha uma simplificação pensar que, como candidata às presidenciais, conquistou 20 por cento dos votos nas últimas eleições apenas pelas suas propostas e trajectória política. Os brasileiros demonstraram que queriam ser protagonistas do processo eleitoral, e não apenas espectadores de uma disputa polarizada entre a candidata do governo, Dilma Rousseff, e o principal candidato da oposição, José Serra.

Desde que anunciou a sua saída do Partido Verde (PV), Marina Silva está a trabalhar na organização de um movimento suprapartidário para debater a questão da sustentabilidade e repensar os modelos políticos. Estamos a inverter uma lógica, assinalou Marina Silva, defendendo que são os partidos que devem servir os movimentos sociais e não o contrário. Os partidos estão todos iguais. Viraram projectos de poder pelo poder”, afirmou. a conferência em que participa a ambientalista tem como tema O Brasil em 2022: Ordem e Progresso? e discute as perspectivas do país para o ano do bicentenário da independência.