São numerosos os casos de jovens bem sucedidos socialmente na Casa do Gaiato que, há 20 anos, apoia centenas de “meninos de rua”, em Moçambique. actualmente, desenvolve vários programas de acção social que se estendem por diversas províncias do país
São numerosos os casos de jovens bem sucedidos socialmente na Casa do Gaiato que, há 20 anos, apoia centenas de “meninos de rua”, em Moçambique. actualmente, desenvolve vários programas de acção social que se estendem por diversas províncias do paísVasco, 13 anos, chegou à Casa do Gaiato com 2 anos e, apesar de não recordar a sua vida de rua, reconhece que se não tivesse sido acolhido na instituição estaria muito mal. Sonha ser locutor de rádio: É bom, porque ganha muito dinheiro e também fala sobre a pobreza nas aldeias. Por seu lado, Ozias, 15 anos, responsável pelo gabinete de criação artística da Casa do Gaiato, espera tornar-se arquitecto: Vim para aqui quando tinha um ano, fui bem recebido e adoptado pela mãe Quitéria e pelo padre Zé Maria. aprendi os hábitos todos desde criança, educaram-me bem. Consegui aprender o meu dom de desenhar e, agora, estou a tentar pintar para ser um bom artista.

Tendo entrado a Moçambique em 1965, a Casa do Gaiato foi encerrada durante o período de guerra colonial. Regressou em 1991, a convite do presidente da República Joaquim Chissano. Localizada na aldeia de Massaca, nos arredores de Maputo, a obra é hoje uma estrutura familiar para 152 alunos. Uma das coisas que mais nos afligiu quando chegámos aqui, foi a violência entre eles [crianças], refere à Lusa o padre José Maria, impulsionador do projecto social. aliás, é vulgar – não sei se fruto da guerra – a violência entre as pessoas das aldeias. O projecto educativo da instituição baseia-se em internatos para jovens órfãos, com idades compreendidas entre os 2 e os 23 anos de idade. as crianças vêm com traumas muito grandes, ou porque foram maltratadas pelo pai, ou porque foram abandonadas pelos dois [progenitores], ou porque vieram trazidas por um tio que as abandonou”, descreve o padre José Maria, distinguido pelo Estado português com a Ordem do Mérito.

Os internatos da Casa do Gaiato contemplam a formação escolar até ao décimo ano numa escola própria da instituição. Paralelamente são transmitidas aos alunos componentes práticas basilares para a sua educação. O padre José Maria explica que as crianças são habituadas ao trabalho: Nós não julgamos trabalho infantil uma criança pôr a mesa, limpar o chão, fazer a cama, arrumar a sua casa, tratar de um jardim, colher fruta. Os alunos quando terminam o décimo ano, em geral, seguem os estudos nas escolas públicas e privadas, recebendo para o efeito uma bolsa de apoio financeiro.