a violência em nome de Deus não tem lugar no mundo contemporâneo, defendeu Bento XVI, 25 anos depois do primeiro encontro de assis
a violência em nome de Deus não tem lugar no mundo contemporâneo, defendeu Bento XVI, 25 anos depois do primeiro encontro de assis«Como cristão, gostaria de dizer neste momento: sim, é verdade, ao longo da história a força foi usada em nome da fé cristã, afirmou o Papa durante o encontro que reuniu cerca de 300 líderes religiosos do mundo inteiro, entre cristãos, judeus, muçulmanos, hindus, zoroastristas, taoistas, xintoístas e budistas. «Reconhecemos isso com grande vergonha. Mas está muito claro que isso foi um abuso da fé cristã, algo que evidentemente contradiz a sua verdadeira natureza, acrescentou.

Em assis, 25 anos depois do primeiro encontro convocado por João Paulo II, o actual Pontífice questionou: «O que aconteceu desde então? Como se encontra hoje a causa da paz?. Para quase depois responder: «Infelizmente, não podemos dizer que desde então a situação se caracterize por liberdade e paz.

Nos dias de hoje, há duas linhas de violência e de discórdia, aponta o Santo Padre. a primeira dela é o terrorismo, com «ataques bem definidos que devem atingir pontos importantes do adversário, de modo destrutivo e sem nenhuma preocupação pelas vidas humanas inocentes, que acabam cruelmente ceifadas ou mutiladas.

Muitas vezes o terrorismo tem uma motivação religiosa e «precisamente o carácter religioso dos ataques serve como justificação para esta crueldade monstruosa, que crê poder anular as regras do direito por causa do “bem” pretendido. Bento XVI defende que «aqui a religião não está ao serviço da paz, mas da justificação da violência.

Há uma segunda tipologia de violência, que possui uma motivação exactamente oposta: «é a consequência da ausência de Deus, da sua negação e da perda de humanidade que resulta disso, salientou o bispo de Roma. Exemplo disso foram os campos de concentração da Segunda Guerra Mundial, assinalou o Papa. «O “não” a Deus produziu crueldade e uma violência sem medida, que foi possível só porque o homem deixara de reconhecer qualquer norma e juiz superior, mas tomava por norma somente a si mesmo.

actualmente, «a adoração do dinheiro, do ter e do poder, revela-se uma contra-religião, na qual já não importa o homem, mas só o lucro pessoal, denunciou Bento XVI. O desejo de felicidade degenera num «anseio desenfreado e desumano e a violência «torna-se uma coisa normal e, em algumas partes do mundo, ameaça destruir a nossa juventude.

O caminho de futuro faz-se em conjunto, num compromisso pela «dignidade do homem e de assumirmos juntos a causa da paz contra toda a espécie de violência que destrói o direito. a Igreja Católica «não desistirá da luta contra a violência, do seu compromisso pela paz no mundo, garantiu o sucessor de João Paulo II.