à luz do recente documento dos bispos portugueses sobre a evangelização, o pároco de Ramalde, Porto, aponta pistas para que a Igreja local viva a sua dimensão missionária. almiro Mendes, em 2005, partiu em missão para a Guiné-Bissau, durante um ano.
à luz do recente documento dos bispos portugueses sobre a evangelização, o pároco de Ramalde, Porto, aponta pistas para que a Igreja local viva a sua dimensão missionária. almiro Mendes, em 2005, partiu em missão para a Guiné-Bissau, durante um ano.como pode a Igreja local ser realmente missionária? Sem esquecer a importância, a oportunidade e a conveniência dos aspectos mais teóricos, limitar-me-ei a apresentar algumas linhas operativas muito práticas para uma pastoral missionária das nossas dioceses.
1. Despertar e alimentar a consciência de missão
Convém que nas nossas dioceses se invente, recupere e apure a consciência de que somos enviados por Deus à sociedade actual para a evangelizarmos. E é preciso fazê-lo com a alegria de um dever e o júbilo de um dom. as dioceses deveriam fazer um esforço urgente para desenvolver o dinamismo apostólico, despertando a consciência de missão nas pessoas, nas paróquias, nos grupos, nas estruturas. Para isto é preciso:
Despertar e fortalecer a vocação missionária ou apostólica dos leigos em todos os processos catequéticos, formativos e celebrativos;
Impulsionar o anúncio e a irradiação pessoal da fé;
Promover o valor do testemunho da vida pessoal, grupal e comunitário;
Elaborar e desenvolver, pouco a pouco, um projecto missionário que ajude a superar planificações de carácter puramente sacramentalista ou catequético e nos faça caminhar em direcção a um plano e desígnio missionário.
2. Desenvolver uma pastoral mais diversificada
Normalmente oferece-se a todos o mesmo e de maneira indistinta. Uma diocese para ser missionária tem de:
Oferecer possibilidades catequéticas distintas;
adaptar as celebrações ao nível da fé dos participantes;
Sair ao encontro dos que estão adormecidos para a fé ou a perderam;
Não deixar de fora algum extracto da população nem nenhuma faixa etária;
Fazer uma opção séria pelos mais desfavorecidos ou desafortunados;
Continuar a ocupar-se da ética, mas preocupar-se também com a estética;
Não ter medo do mundo, não desconfiar da ciência, procurar, encontrar e amar as pessoas deste tempo como elas são e não como gostaríamos que fossem.
3. Desenvolver uma catequese missionária
Impõe-se inventar formas novas de catequese missionária que leve todos a sair de dentro para fora, ao jeito de espiral. Existe, actualmente, na maior parte das dioceses, uma excelente pastoral sacramental. O que falta é uma sólida catequese missionária que leve a uma arejada e apaixonada consciência missionária e a uma profícua e efectiva prática.
Para uma catequese missionária são necessárias:
acções de primeiro anúncio;
Desenvolver uma pastoral pré-catecumenal de carácter evangelizador;
Promover catecumenatos para pessoas afastadas;
Possibilitar nas paróquias uma catequese de adultos de cariz missionário.
4. Celebrar a Eucaristia com intenção missionária
a Eucaristia é fonte e, ao mesmo tempo, vértice de toda a evangelização. Constitui o meio por excelência para relançar, de modo audaz, a missão «ad Gentes. Nela havemos de encontrar o impulso dinamizador da acção evangelizadora da Igreja. No Ide final da Eucaristia, temos de perceber a actualização permanente do mandato de Cristo: Ide pelo mundo e anunciai o Evangelho.
Para isto é preciso:
Promover a participação plena, activa e consciente dos fiéis;
Preparar bem as celebrações;
Ser mestre na arte de bem acolher quem chega pela primeira ou milésima vez;
Promover a qualidade;
Tirar partido da estética;
Valorizar a força expressiva dos sinais e gestos;
Cuidar da linguagem;
Ter em conta a sensibilidade, as preocupações e as inquietações das pessoas deste tempo.
5. Ousar ir mais longe
Elenco, aqui, de forma aleatória e sem uma ordem valorativa, alguns aspectos que poderão contribuir também para que a Igreja local seja mais missionária:
Criação de institutos missionários de cariz diocesano;
Maior mobilidade do clero e, quanto possível, dispensar temporariamente sacerdotes diocesanos para a Missão «ad Gentes;
Consciencialização e formação missionária nos seminários diocesanos;
Convidar missionários para os conselhos presbiterais e para os conselhos de pastoral
Em parceria com os institutos missionários, organizar e subsidiar o voluntariado laical «ad Gentes;
Intercâmbios e geminações, sobretudo com África;
Potenciar o Dia Mundial das Missões e criar o Dia Diocesano das Missões;
Desenvolver uma pastoral dos enfermos com sentido missionário. a causa missionária teria muito a ganhar com as orações e a dor de tantos;
Criar nos fiéis leigos a consciência de que ser missionário poderá implicar percorrer milhares de quilómetros ou apenas percorrer meia dúzia de metros, atravessar a rua e ir ao encontro do outro levando-lhe a Boa Nova ao jeito de Jesus Cristo.
Que o Espírito Santo nos presenteie com a lucidez necessária e as forças que são precisas para fazermos das nossas Igrejas locais sujeitos primeiros da Missão e verdadeiras instâncias do amor de Cristo, o missionário do Pai.