Que Europa é que se pretende construir? Será só a dos ricos, ou também deverá haver lugar para os mais carenciados? Embora a resposta seja óbvia, a verdade é que há países europeus pouco sensí­veis
Que Europa é que se pretende construir? Será só a dos ricos, ou também deverá haver lugar para os mais carenciados? Embora a resposta seja óbvia, a verdade é que há países europeus pouco sensí­veisO Programa Comunitário de ajuda alimentar a Carenciados, que funciona através da Política agrária Comum, foi bloqueado sexta-feira passada na reunião do Conselho de Ministros da agricultura da União Europeia. alemanha, Holanda, Suécia, Dinamarca, Reino Unido e República Checa formaram uma minoria de oposição, por discordarem da ajuda ser feita por aquele programa e conseguiram que o mesmo seja agora apenas de 113 milhões de euros. Para esta tomada de posição, os países referidos alegaram que aquela ajuda deveria ser feita pela acção Social e não através da Política agrária Comum, o que já está previsto acontecer a partir de 2014.

a verba aprovada anteriormente de 500 milhões de euros pretendia suprir essa lacuna intermédia e permitir que aqueles que mais precisam tivessem o indispensável. Recorde-se que anteriormente o valor atribuído aos países europeus era de 500 milhões, sendo cerca de 18 milhões de indivíduos que precisam desse apoio. Em resultado disso, Portugal irá obter apenas quatro milhões de euros, em vez dos 40 milhões que recebia, o que equivale a dizer que ficarão centenas de milhares de portugueses sem o apoio que até agora lhes era concedido. Esta resolução do Conselho de Ministros Europeu é mais uma machadada na política social dentro da União Europeia (UE) e que deixa marcas mais profundas nos mais necessitados.

Quando a maior parte dos organismos nacionais e internacionais de apoio social a funcionar no nosso país se debatem com um número cada vez maior de pedidos e começam a não ter respostas adequadas, também o organismo da UE baixa a sua contribuição, o que agrava a situação já de si delicada. Não surpreende ouvir dizer que a solidariedade “está pelas ruas da amargura”. Utilizemos estas ou outras palavras, o certo é que isso corresponde à verdade. Que o confirmem aqueles que não têm meios para subsistir! Quando vimos e ouvimos os números do Orçamento da Comunidade Europeia e verificamos onde são utilizados esses valores, perguntamos a nós próprios se a União estará a cumprir os objectivos para a qual foi criada.
Uma Europa sem valores morais não tem futuro e muito menos quando se torna insensível ao drama do ser humano. O sofrimento que atinge os mais fracos tem responsáveis e terá consequências também se não repensarem o rumo tomado. as políticas económicas postas em prática pelos burocratas de Bruxelas, que não evitam as assimetrias, sobretudo tendo em conta os países pequenos, estão a conduzir a Europa para um beco sem saída. a ideia que presidiu à criação da UE foi permitir aos seus membros atingirem uma melhor qualidade de vida e bem-estar, mas por este andamento tarde ou nunca lá chegaremos, pois os países mais ricos não o permitirão.