a peste, a guerra e a desvalorização da moeda foram os grandes problemas do século XV, referidos por José Mattoso, da Universidade Nova de Lisboa, em Fátima, durante a primeira conferência do Congresso Internacional de Santa Beatriz da Silva
a peste, a guerra e a desvalorização da moeda foram os grandes problemas do século XV, referidos por José Mattoso, da Universidade Nova de Lisboa, em Fátima, durante a primeira conferência do Congresso Internacional de Santa Beatriz da Silva«O tempo de Santa Beatriz da Silva foi o tema da conferência de abertura do Congresso Internacional, que decorre em Fátima. José Mattoso, especialista em história, referiu os aspectos importantes do contexto sociocultural em que viveu santa Beatriz. «O século XV foi tudo menos uma época fácil. Quem viveu nesse tempo teve que enfrentar os horrores e as angústias da peste, da fome, da inflação monetária, da alteração das estruturas sociais, da guerra, dos conflitos entre as autoridades, abusos de poder, afirmou. Problemas que as fontes narrativa da época esquecem em parte, segundo o historiador.

a peste nasceu na Europa em 1348. Em poucos anos, dizimou uma grande parte da população; em algumas zonas a mortalidade atingiu os 90 por cento. Certas comunidades religiosas perderam todos os seus membros e famílias inteiras desapareceram, recordou José Mattoso, aos participantes. Os cidadãos evitavam-se e havia pais que se recusavam a tratar dos próprios filhos. De Portugal, existem poucos dados numéricos, mas sabe-se que surgiram surtos menores, que se repetiram em ondas incessantes até ao século XVI. Mas a peste – lembrou – não vitimava os pobres, também atingiu os poderosos: em 1415, levou a rainha, Filipa de Lencastre.

Outro grande flagelo medieval era a guerra: pilhagem e destruição sistemática dos bens do inimigo, mais fome e mais desordem, lembrou. O historiador referiu as guerras em África e em Castela. O panorama em Portugal era o de um país «devastado e uma população à beira da sobrevivência. a reconstrução económica e social não pode ter sido fácil. Destacou o número de reuniões de cortes: 55 entre 1385 e 1495. Cada uma delas demorava cerca de um mês. Outro problema «terrível foi o da desvalorização da moeda e, ao mesmo tempo, havia um «esforço militar que envolvia uma grande quantidade de homens. Ceuta foi atacado por um exército de cerca de 20 mil homens, referiu a título de exemplo.

No final da sua exposição, José Mattoso observou: «Hoje ninguém sabe o que pode acontecer nos próximos anos. Trazem sem dúvida violência e sofrimento. Mas um dos pilares do cristianismo é a virtude da esperança e um dos pilares de qualquer sociedade cristã ou não cristã é a resistência à morte.como homens temos de lutar pela vida, como cristãos temos de cultivar a esperança. Jesus Cristo veio para nos «ensinar a lutar, lembrou aos participantes. Concluiu com palavras de João Paulo II: «Não tenhais medo. «Talvez tenhamos de viver dias muito difíceis mas quem se identifica com Jesus Cristo não pode ter medo de nada, afirmou.