Em entrevista à Fátima Missionária, antónio Fernandes, novo superior provincial dos Missionário da Consolata em Portugal, fala sobre as potencialidades do Museu de arte Sacra e Etnologia. «Encontram a arte que explicita essa fé que é vivida em muitas partes», afirma
Em entrevista à Fátima Missionária, antónio Fernandes, novo superior provincial dos Missionário da Consolata em Portugal, fala sobre as potencialidades do Museu de arte Sacra e Etnologia. «Encontram a arte que explicita essa fé que é vivida em muitas partes», afirmaFátima Missionária: Como avalia o museu actualmente?
aNTÓNIO FERNaNDES: É um espaço útil para a divulgação daquilo que é a identidade e a ideia missionária. Um museu em Fátima, num local de culto à Virgem e com uma temática missionária, creio que é extremamente importante para que as pessoas possam desde Fátima perceber a catolicidade do cristianismo.
Fátima é um ponto de encontro de muitas culturas, de muitas pessoas que vêm expressar a sua fé. a possibilidade de encontrarem esta expressão missionária de povos ou culturas às quais eles pertencem – e Fátima expressa também esta dimensão missionária do anúncio para outras culturas e outros povos – acho que é um enriquecimento muito grande. Em Fátima encontram a arte que explicita essa fé que é vivida em muitas partes.
F. M: É possível o museu despertar nas pessoas a paixão pela missão?
a. F. Muitas pessoas vão a Fátima por necessidades pessoais, de agradecimento pessoal, de expressão da sua fé, por alguma graça recebida. O contacto coma a ideia missionária abre precisamente essa expressão missionária e muito mais abrangente daquilo que é a nossa fé. Encontrar-se com uma expressão missionária ajuda também a redimensionar uma fé que, muitas vezes, pode ser intimista ou muito pessoal, para uma dinâmica muito mais comunitária e muito mais universal.
F. M: O que pensa de iniciativas como o roteiro e a Liga de amigos?
a. F: O museu tem tido muitas iniciativas com colégios, grupos, crianças e, agora, a criação da Liga. É uma dinâmica extremamente importante para agregar a dinâmica cultural daquilo que é um museu genérico em Portugal ou no mundo inteiro à dinâmica missionária. a possibilidade de interagir com escolas e fazer com que a arte possa também ser visualizada, tocada, recriada, com o inventário, com a imaginação dos jovens, das crianças é outro aspecto que é lindo, que está a ser potenciado e que foi feito pelo museu. acho que é importante continuar nessa dinâmica. acho que a Liga de amigos do museu é também um espaço interesante e importante, a ser valorizado.
F. M: Quais os objectivos ou projectos para o museu?
a. F: Gostaria muito que o museu fosse um espaço de debate daquilo que é a cultura, a arte e a missão, que possibilitasse um ambiente de debate e de pesquisa sobre aquilo que é a missão e os problemas que a missão coloca, através daquilo que é a visualização da arte; daquilo que se faz e daquilo que se fez nas missões. Visualizar e conhecer, mas também debater ideias sobre o mundo missionário.
O Instituto tem uma riqueza muito grande num museu em Turim. acho que seria preciso criar também outro tipo de relação com outras redes de museus, fora de Portugal, pois Fátima é um lugar estratégico com todo o seu turismo e visitantes. a nível do Instituto, a Itália tem um acervo muito interessante, etnológico e missionário, e a possibilidade de fazer exposições itinerantes, de visualizar isso em Fátima, e de dar a conhecer, seria importante.
algo que eu também considero importante é dar a conhecer através do museu determinados projectos missionários onde a cultura seja valorizada. O museu deveria ser um espaço para fomentar o conhecimento dessas experiências missionárias que vão para além daquilo que nós tradicionalmente pensamos que é o campo da evangelização, de um anúncio mais directo e explícito a um anúncio mais abrangente em que são tidas em conta outras dimensões da vida humana. Há muitos contactos e processos de evangelização bonitos, diferentes, que precisam de ser conhecidos, valorizados, enriquecendo, ao mesmo tempo, o próprio museu.