Quantas coisas que nos rodeiam são um hino à beleza, produto de uma criação divina oferecida ao homem. Em momentos de dificuldade é bom que os nossos sentidos anseiem o belo, em detrimento do menos agradável
Quantas coisas que nos rodeiam são um hino à beleza, produto de uma criação divina oferecida ao homem. Em momentos de dificuldade é bom que os nossos sentidos anseiem o belo, em detrimento do menos agradávelDiariamente somos confrontados com as mais diversas notícias. Grande parte delas não são o que desejaríamos ver e ouvir, mas tão só a realidade de dias conturbados que vivemos nesta sociedade de consumo. Hoje, ao abrir a página da net que consulto quotidianamente para me inteirar das últimas notícias que as agências nos oferecem, deparei com uma afirmação do bastonário da Ordem dos Médicos feita ontem durante uma conferência em Pombal, sobre o tema da saúde em Portugal. O médico referiu: Estamos na bancarrota e não vamos cumprir com a nossa dívida, porque os juros são incomportáveis. Estamos falidos. Essa é a realidade do nosso País. Por outro lado, José Manuel Silva aponta o despesismo nacional nos últimos 30 anos numa perspectiva de corrupção e enriquecimento ilícito, afirmando que é necessário tomar decisões difíceis também na Saúde. Mas em função da dimensão dos cortes o nosso país corre o risco de morrer da cura. Não sendo um especialista em economia, o bastonário faz eco de afirmações que têm sido produzidas por especialistas na matéria e que atestam a desoladora situação do nosso país.
Perante a gravidade de um desabar económico e moral, numa Europa que não se entende na procura de uma linha económica de desenvolvimento e sustentabilidade, nem tão pouco acautelando os milhões de europeus que vivem abaixo do limiar da pobreza, a nossa tristeza tem que ser profunda. Os mais velhos dizem que tristezas não pagam dívidas e nós acrescentaremos: nem sequer são boas conselheiras, pois criam desalento e impedem-nos de olhar com esperança para um futuro que se quer melhor para todos. Se, por um lado, sabemos que se aproximam, a passos largos, tempos muito difíceis, também é verdade que, sendo uma realidade, pode ser vencida, desde que tenhamos presente que Deus tudo permite, mas deixa ao homem a liberdade de escolher o caminho.
O segredo para ultrapassar essas dificuldades individuais e colectivas está na forma como encaramos a situação e agimos em função do positivo, mesmo que pouco, que porventura exista. Sabemos que todos os factos têm duas saídas que podem pelo negativo ou positivo. a escolha é nossa, procuremos o caminho. Porventura estarão a pensar: mas que poderemos fazer? Soluções não tenho, apenas poderei indicar o caminho do bom senso e da fé. À primeira vista, parece um pouco estranho, não? De facto, não é, pois bom senso exige reflexão, avaliação e procura de meios para subsistir e a fé em Deus dá-nos a esperança de encontramos o melhor caminho. São atitudes individuais, mas que não dispensam a nossa colaboração no colectivo e as vias são vastas, apenas teremos que saber escolher.
Poderão argumentar: mas, afinal, em que é que o belo contribui para a nossa felicidade? O belo, seja no que for, dá-nos uma perspectiva de serenidade e consolo pela magnanimidade do altíssimo para connosco, isso abre caminhos de esperança. Recordo com agrado a forma como muitos peregrinos de Fátima agradecem a Nossa Senhora, ofertando-lhe flores na Capelinha das aparições. É um gesto singular de gratidão que une o sentimento humano à protecção dos Céus, mas também uma interpretação humana do belo que existe no coração do homem. Que a beleza de uma rosa, protagonizada na foto que tirei hoje, nos faça reflectir no amor que deve representar a nossa vida, com ou sem dificuldades.