Um dia destes, contou-me alguém do grupo das «Mulheres Missionárias da Consolata» que, na sua paróquia, fora interpelada por uma paroquiana que lhe disse: «Toda a Igreja é missionária. Porquê um grupo missionário na nossa comunidade»?
Um dia destes, contou-me alguém do grupo das «Mulheres Missionárias da Consolata» que, na sua paróquia, fora interpelada por uma paroquiana que lhe disse: «Toda a Igreja é missionária. Porquê um grupo missionário na nossa comunidade»? a pergunta contém uma afirmação fundamental, que deveria estar enraizada na mente e no coração de todos baptizados. Já a pergunta propriamente dita revela alguma confusão. Felizmente, já lá vai o tempo em que, na Igreja, se pensava que a missão estava delegada, unicamente, a um «corpo de homens e mulheres, que deixavam a sua terra, partiam para países distantes e por lá gastavam a vida, anunciando o Evangelho. ao passo que os fiéis da Igreja pouco ou nada teriam a ver com o trabalho missionário. a partir do concílio Vaticano II operou-se uma reviravolta. Pouco a pouco, a Igreja toda começou a assumir que a missão lhe compete por natureza própria e os discípulos de Cristo tornam-se conscientes da sua responsabilidade missionária. a ideia de delegar a missão a uns tantos privilegiados foi perdendo força, sendo substituída por uma nova mentalidade que se traduz na expressão: Toda a Igreja é missionária. a partir daqui, há quem tenha começado a pensar que os missionários são dispensáveis e, pelos vistos, também já há quem julgue inútil a presença e a acção de grupos missionários vigorosos e dinâmicos nas paróquias. Seguindo a linha do movimento missionário pós-conciliar, a recente carta pastoral dos bispos portugueses, Para um rosto missionário da Igreja em Portugal, contraria esta tendência, sem margem para dúvidas: Para se dar à animação e cooperação missionária o lugar a que têm direito, torna-se necessário fazer surgir também na Igreja portuguesa centros missionários diocesanos e grupos missionários paroquiais, laboratórios missionários, células paroquiais de evangelização, que, em consonância com as Obras Missionárias Pontifícias e os centros de animação missionária dos institutos missionários, possam fazer com que a missão universal ganhe corpo em todos os âmbitos da pastoral e da vida cristã. as grandes transformações em curso nas sociedades ocidentais, que também atingem as nossas Igrejas, exigem dos baptizados um renovado zelo missionário. Neste contexto, percebemos a importância de grupos bem formados, capazes de contribuir activamente para colocar toda a Igreja em estado de missão. a acção destes grupos é decisiva para animar missionariamente toda a pastoral da Igreja. a missão não pode ser apenas o ponto conclusivo dos nossos programas pastorais, mas o seu horizonte permanente e o seu paradigma por excelência, a alma de toda a programação e de todos os itinerários de formação cristã, afirmam os bispos na referida carta pastoral. aliás, recordam a afirmação de Bento XVI: a missão «ad gentes deve ser a prioridade dos seus [das Igrejas] planos pastorais. Para estimular uma pastoral com este respiro missionário, a carta pastoral indica claramente que é imperioso constituir, preparar e formar grupos consistentes de evangelização, também por áreas profissionais, uma verdadeira rede de evangelização, que, no coração do mundo, sinta a alegria de levar o Evangelho a todos os sectores da vida. O Outubro missionário, arranque de um novo ano pastoral, é uma ocasião propícia para repensar a pastoral das nossas paróquias à luz das orientações dos nossos bispos, colocando a missão no coração de todas as actividades pastorais.