as jornadas da Comunicação Social que terminaram ontem em Fátima permitiram uma reflexão sobre novos caminhos de evangelização, aproveitando ao máximo a era digital que atravessa a nossa sociedade
as jornadas da Comunicação Social que terminaram ontem em Fátima permitiram uma reflexão sobre novos caminhos de evangelização, aproveitando ao máximo a era digital que atravessa a nossa sociedadePara José Ribeiro e Castro, conhecido advogado e político, a internet é um bem e pode servir como novo instrumento de evangelização. afirmou que “estamos perante um desafio” graças às ferramentas extraordinárias de que dispomos, pois elas são “uma duplicata da vida real”. “Temos de aprender a usá-las, estar ao lado, mas na frente das pessoas. a escola tem que conviver e crescer com a net (aludindo ao Magalhães). Na digital não há periferias” acrescentou o ex-deputado. De facto, através de um simples telemóvel com net, as distâncias encurtam-se ao mínimo e onde nos encontrarmos estamos sempre em sintonia, vemos, ouvimos e falamos com o “outro” onde quer que ele esteja. acedemos e enviamos conteúdos, dialogamos em permanência e segundo os nossos interesses, em rede social ou fora dela. Os responsáveis da Igreja ligados à comunicação social começam a ficar cada vez mais atentos quanto à forma de fazer passar a mensagem evangélica, especialmente através dos novos caminhos abertos pela era digital. O tema das jornadas “Era digital: revolução na cultura e na sociedade” não podia ser mais actual e esclarecedor quanto à verdadeira dimensão das novas vias. O alcance é quase ilimitado, tendo em conta os inúmeros meios oferecidos pelas tecnologias de ponta, embora a sua eficácia não esteja totalmente estudada e comprovada, mas tal também dependerá muito do empenho e capacidade dos mensageiros. E essa capacidade mede-se pela responsabilidade e seriedade nos conteúdos, pela sua simplicidade e tipo de linguagem que seja acessível a quem recebe a mensagem.
Claudio Celli, presidente do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais, cuja abertura e percepção do fenómeno da comunicação digital é notável, deixou pistas importantes para aqueles que na Igreja têm a missão de propagar a palavra. Referindo que a Igreja tem de acompanhar o caminho do homem de hoje na busca da verdade, pois ele tem dificuldade em o conseguir num mundo emaranhado de tanta informação, acrescentou que isso só será possível através do testemunho de vida. E citou as palavras de Bento XVI: “Não se pode anunciar no mundo digital sem o testemunho de quem o anuncia”. Lembrou também que a nova comunicação é concebida como um processo de reconstrução da mensagem, fazendo notar a importância dos conteúdos, sua organização e actualização em tempo oportuno, dado a celeridade que o digital assume nos nossos dias.
Monsenhor Celli demonstrou especial preocupação na forma como a Igreja deverá abordar os mais jovens que viajam na net (a geração C, como aferiu abílio Martins, da Sapo) recordando que “73% dos jovens da União Europeia viajam na net sem padre, como defendê-los?” Devemos falar a linguagem dos jovens, disse, para que eles nos entendam. Por outro lado, foi crítico em relação a dioceses e paróquias que não acompanham devidamente este fenómeno da transmissão da palavra, dando a entender a necessidade de uma maior formação de bispos, sacerdotes e leigos nesta área. a era do digital é o futuro já hoje. O director do portal Sapo referiu isso mesmo, alertando que “a mensagem da comunicação da verdade é brutal, mas simples, e um ponto de partida fascinante para a Igreja. Perante a realidade do digital, teremos que passar das certezas virtuais ao concreto: aceitar e entrar na “onda” utilizando eficazmente estes meios para difusão da mensagem cristã, por que de contrário perderemos o comboio daqueles que nela embarcaram.