a partir da cátedra do sofrimento, o Papa continua a falar ao mundo. é um silêncio que fala. Quem tem olhos de fé sabe avaliar a grandeza e o valor desta situação.
a partir da cátedra do sofrimento, o Papa continua a falar ao mundo. é um silêncio que fala. Quem tem olhos de fé sabe avaliar a grandeza e o valor desta situação. Cinco dias após a traqueotomia, João Paulo II, vai-se restabelecendo na sua saúde. alimenta-se normalmente, não necessita de respiração artificial e começou a fazer exercícios de respiração e de voz, de acordo com o último comunicado da Santa Sé. Se tudo correr como os médicos esperam, há quem diga até que o Santo Padre poderá vir a falar com mais clareza do que antes.
O seu rosto manifesta porém um certo cansaço. Não se pode negar todo o seu sofrimento de que ele sabe tirar partido para o bem da Igreja e da humanidade. Fala o seu sofrimento.

O arcebispo Bruno Forte, teólogo de renome internacional, foi ontem muito explí­cito nas suas declarações à Rádio Vaticano. “Neste momento, o Santo Padre está a falar a partir da cátedra indiscutí­vel do sofrimento, oferecido por amor e vivido na fé”. E continua: “é uma cátedra esta que não tem necessidade de palavras. O gesto de abençoar a multidão e de indicar com a mão o lugar em que foi feita a traqueotomia fala de maneira eloquente, como a dizer: não posso falar, mas tudo ofereço a Deus por vós”.

é na verdade uma linguagem muito eloquente, que tem mais peso do que tantas palavras. Já falou muito no passado. Documentos não faltam: alocuções, encí­clicas, cartas apostólicas… Serão precisas centenas de volumes para recolher todo o seu pensamento. Mas esta linguagem do sofrimento e do amor à Igreja e à humanidade é aquela que toda a gente entende.

“Visto com os olhos de Cristo, o sofrimento assume um trí­plice significado”, explica o teólogo. “é uma espécie de despojamento que liberta o homem de todas as presunções e de todas as ambições totalitárias da razão. Em segundo lugar, um Papa tem de sofrer, porque tem de amar. é o Bispo da Igreja que preside no amor e não há cátedra mais elevada que a do amor e da dor oferecida por amor. Por último, tudo isto não tem um horizonte de exaltação do sofrimento pelo sofrimento. O seu horizonte é a felicidade e a salvação. à luz de Cristo, a dor contém uma promessa de salvação e felicidade, oferece-se com Ele por amor a Deus e aos homens”.

Sendo assim, o Santo Padre continua a sua alta missão de guiar a humanidade para os valores que são eternos. é um Pontificado que se exprime de tantos modos. Não há dúvida que este é o mais eloquente. Felizes aqueles que entendem esta linguagem.