as tragédias são momentos que fazem reflectir… O maremoto contribui para a mudança de mentalidade dos muçulmanos de aceh, Indonésia.
as tragédias são momentos que fazem reflectir… O maremoto contribui para a mudança de mentalidade dos muçulmanos de aceh, Indonésia. “aceh é ainda um cenário de devastação total, mas há algo de positivo: está a mudar a mentalidade dos muçulmanos em relação aos ocidentais. Já não são olhados com hostilidade, mas como pessoas que oferecem ajuda no momento da emergência”, afirma anicetus Sinaga, arcebispo auxiliar de Medan, diocese a que pertence aceh, a província da Indonésia mais flagelada pelo maremoto de 26 de Dezembro passado.
“Tudo está destruído: as casas ruíram e muita gente não tem trabalho”. antes da catástrofe em Banda aceh, capital da província, viviam 400. 000 pessoas; agora são 100. 000 e, como 165. 000 morreram, significa que os restantes abandonaram a cidade à procura de um futuro melhor.
Para o arcebispo, sente-se uma atmosfera diferente entre a população de aceh, que segue a sharía (lei islâmica): “Quando no passado ia a Banda aceh, era olhado, como cristão, com desconfiança. Na última vez, depois do maremoto, uma família muçulmana veio ao meu encontro e pediu-me para visitar a sua casa destruída. é um exemplo pessoal, mas indica uma situação mais geral. Depois de americanos, australianos e outros estrangeiros terem trazido as primeiras ajudas a aceh, criou-se um clima de diálogo entre os habitantes locais e os ocidentais, até porque os outros países árabes não se mostraram tão solidários. Não é ainda uma mudança total de mentalidade. Sente-se entre as pessoas simples; os extremistas continuam a manter a sua posição. ”
Os extremistas são os rebeldes do GaM (movimento pela libertação de aceh), que, desde 1976, lutam pela independência em relação a Jacarta. afirmam que o governo explora os recursos naturais locais, gás e petróleo, sem contrapartidas para os residentes. Depois do tsunami, rebeldes e executivo iniciaram um processo de reconciliação que os conduziu já duas vezes à mesa do diálogo, sem no entanto conseguirem grandes resultados.
” a catástrofe – conclui o arcebispo ” feriu guerrilheiros, civis e militares da mesma maneira, debilitando as suas posições. Nestes meses os rebeldes perderam grande parte do apoio tácito da povoação, o que contribuiu para uma maior abertura em relação às exigências do governo. Espero que seja o início de uma paz completa e duradoura”.