O alto representante das Nações Unidas para a aliança das Civilizações considera que «novas preocupações surgiram, mas o mundo não piorou» depois do 11 de Setembro
O alto representante das Nações Unidas para a aliança das Civilizações considera que «novas preocupações surgiram, mas o mundo não piorou» depois do 11 de SetembroHá 10 anos, Jorge Sampaio era presidente da República Portuguesa e foi através da televisão, que transmitia o embate do segundo avião contra as torres gémeas que percebeu que «de algum modo aquela tragédia ia ter profundas consequências e criar grandes divisões, como veio a criar. Foi uma «tragédia e um «sofrimento que «infelizmente não afastaram os perigos que o terrorismo e o fundamentalismo encerram, afirmou, citado pela Lusa. «O extremismo continua, há novos extremismos de vários tipos e novas instrumentalizações, e portanto não podemos desarmar da luta pela paz, pelo desenvolvimento, pela cultura, e pela liberdade religiosa, seja ela qual for, salienta o português.

No que diz respeito à tolerância e diálogo entre povos e religiões, depois do ataque às torres gémeas de Nova Iorque «há coisas que avançam, outras recuam. Em alguns países «temos de lidar com cristianofobia, em muitos com o fenómeno da islamofobia, noutros com aquilo que é a instrumentalização da religião para fins políticos de uma forma muitas vezes radical, e com a mistura entre terrorismo e a prática religiosa, diz. Questões que «nos obrigam a ter mais educação, mais clarividência para que o chamado choque das civilizações não seja apenas o que é: um choque de ignorâncias, acrescenta.

Quanto ao futuro, o alerta deve fazer-se tendo em conta que, em algumas sociedades de tradição liberal, as «componentes securitárias estão a ganhar terreno em relação às componentes de abertura. a islamofobia, lembra, é um fenómeno que também tem vindo a crescer na Europa e o radicalismo de extrema-direita em relação a imigração, por exemplo, é «extremamente mau conselheiro, considera. Os partidos – defende – devem advogar a «possibilidade da convivência entre culturas e a «capacidade de desenvolver a noção de pertença seja qual for a origem ou a religião praticada.