Neste nosso mundo marcado pela violência, pelo sofrimento e pela solidão é urgente, no dia a dia, entrarmos na escola da fraternidade, da solidariedade e da compaixão.
Neste nosso mundo marcado pela violência, pelo sofrimento e pela solidão é urgente, no dia a dia, entrarmos na escola da fraternidade, da solidariedade e da compaixão. O livro de Job é inteiramente dedicado a um dos temas importantes e sempre actuais para o homem. Neste livro do antigo Testamento é-nos proposta uma reflexão sobre o sofrimento, a doença e a morte.
ao mesmo tempo procura-se compreender qual é a maneira de actuar de Deus que por vezes parece distante. O livro de Job no fundo apresenta a história de cada homem que passa pelo sofrimento.
Quero apresentar-vos uma história de sofrimento, como tantas outras que se desenrolam no quotidiano deste “vale de lágrimas”. Quero falar-vos da Luísa Borges de Carvalho, 16 anos, de 11 Junho 1986. Vive no Bairro da Liberdade, na Rua de Maputo 133. Terminou a 11º e estava a frequentar a 12º . Em Dezembro começou a sentir-se doente. Mais tarde foi-lhe diagnosticado um tumor no cérebro que a está a levar inevitavelmente à morte.
Em Moçambique não podem fazer nada por ela, a solução seria deslocar-se à África do Sul, mas o tratamento custa entre os 12. 000 e os 15. 000 USD, quantia que, evidentemente, a família não tem.
é um caso. Poderá haver, e certamente há, muitos outros. Não é o primeiro nem, infelizmente, será o último. Quero propor-vos uma reflexão. a menina é uma acólita da paróquia onde trabalho. Muitas vezes serviu comigo ao altar. Conheço-a. Falei muitas vezes com ela. Não me é desconhecida. De modo nenhum.
Somente soube que ela estava doente, porque alguém mo fez notar. Uma pessoa que colaborava comigo ausentou-se, devido a doença e eu somente o notei quando, dois meses mais tarde, alguém mo fez notar.
Sinto um grande sofrimento. Por ver uma vida jovem e alegre que pouco a pouco se vai apagando. é difícil assistir à agonia de uma jovem que, aos poucos, perde as suas capacidades e caminha para a morte, sem poder fazer nada para a salvar.
Mas o maior motivo do meu sofrimento é constatar o meu egoísmo e a minha superficialidade. Uma pessoa conhecida, uma colaboradora encontra-se em dificuldade e tive dificuldade em aperceber-me isso.
O facto do mundo ser esférico possivelmente é uma deficiência. Dá-nos sempre a impressão de que nós somos o centro. Tudo o resto – os outros, a natureza e tudo o mais – é somente paisagem e serve enquanto nos serve.
O que é mais difícil de suportar no sofrimento é a indiferença daqueles que nos rodeiam. a causa de maior sofrimento para Job era a incompreensão e os discursos vazios dos amigos.
O grito de Job é o grito de cada homem que sofre e não pede, primariamente, uma resposta. Pede, ante de mais, de ser escutado com respeito, amor e compaixão (sofrimento com).