Metade da população tunisina julga a situação do país “incompreensí­vel”. a situação económica e social gera descontentamento após sete meses de revolução. Cresce a “insatisfação” com a gestão do governo, segundo uma pesquisa realizada no final de agosto
Metade da população tunisina julga a situação do país “incompreensí­vel”. a situação económica e social gera descontentamento após sete meses de revolução. Cresce a “insatisfação” com a gestão do governo, segundo uma pesquisa realizada no final de agostoO estudo revela que 50,9 por cento da população acha a situação geral incompreensível, 61 por cento está descontente no plano económico e social, enquanto 61 por cento dos tunisinos estão insatisfeitos com a situação da segurança no país. O estudo indica também que a percentagem de satisfação com a gestão do governo provisório caiu 10 pontos e ficou em 21 por cento contra os 31 obtidos na pesquisa realizada em abril. a investigação foi conduzida pelo Instituto de Pesquisa e Tratamento de Informação Estatística (ISTIE) e divulgada pela agência tunisina TaP.

O balanço é catastrófico e é acompanhado por um aumento das dificuldades da vida e do desemprego juvenil, por isso foi instaurada uma crise de confiança, afirmou à agência EFE o professor de sociologia Mehdi Mabrouk. as pessoas já não acreditam nas mensagens do governo, nem nos partidos políticos. Membro do Fórum Tunisino de Ciências Sociais e promotor da pesquisa, o professor explicou que o descontentamento geral dos tunisinos explica-se porque depois da revolução de Janeiro, a precariedade económica e o desemprego que a alimentou continuam a dividir a sociedade.

a população das regiões do sul e do interior não vê nenhuma melhoria nas suas vidas e os jovens continuam desesperados, afirmou o sindicalista independente Malek Ezzahi. Não é de excluir que, a qualquer momento possam explodir novos distúrbios sociais, antes das eleições para a assembleia Constituinte, marcadas para 23 de Outubro. No plano político, o estudo reflecte que, a menos de dois meses das primeiras eleições após a revolução, a percepção dos partidos políticos é globalmente ruim. De facto, 56,9 por cento dos entrevistados afirmam não apreciar nenhum dos partidos políticos, e apenas sete por cento estão satisfeitos com as conquistas dos mesmos.

Há focos de resistência de gente de Ben ali que recuperaram visibilidade e se impõem na cena política à base de muito dinheiro, provocando uma confusão na cena e semeando dúvidas sobre a credibilidade dos partidos políticos, considerou o sociólogo. Outros factores, como a ausência de espaços públicos abertos que permitam descobrir-se ou dialogar para desenvolver a confiança e o surgimento de conflitos tribais e regionalistas, confirmam a fraqueza de um estado que parece mais frágil do que nunca, explica o professor. Para Mehdi Mabrouk, uma das medidas mais urgentes seria erradicar a corrupção que prevalece nos ministérios de Interior e de Justiça para instaurar as bases de uma Justiça transitória e empreender uma drástica reforma democrática no Ministério do Interior.