Milhares de trabalhadores rurais paraguaios sem-terra manifestaram-se, em assunção, para exigir do governo a compra ou desapropriação de uma faixa da fronteira com o Brasil, controlada por produtores agrícolas do país vizinho
Milhares de trabalhadores rurais paraguaios sem-terra manifestaram-se, em assunção, para exigir do governo a compra ou desapropriação de uma faixa da fronteira com o Brasil, controlada por produtores agrícolas do país vizinho a Liga Nacional de Carperos (LNC), um grupo dos sem-terra das regiões agrícolas do centro, leste e sudeste do país, a 30 de agosto, juntou 10 mil manifestantes, de acordo com a imprensa, que marcharam pelas principais ruas da capital até à praça do Congresso. alguns dos seus líderes foram recebidos pelo chefe de estado, Fernando Lugo. Em Julho passado, a LNC desalojara as terras de um fazendeiro brasileiro, Tranquilo Favero, principal produtor de soja do Paraguai, depois de vários meses de ocupação.

a maioria dos sem-terra, que vem do departamento do alto Paraná, na fronteira com o Brasil, ocupara uma ampla faixa de terreno, alegando que esta pertencia ao estado e não a Favero, que possui extensas terras agrícolas em várias regiões do país. aqui é uma questão de soberania nacional. É preciso proteger as nossas reservas naturais”, afirmou aos jornalistas o governador de São Pedro, José Ledesma, que acompanhou os líderes camponeses na reunião com o presidente.

Os carperos do sudeste do Paraguai reivindicam 12 mil hectares de propriedades. São terras que se estendem pelos distritos de nacunday, Santa Rosa e Santa Rita, todos com extensas plantações de soja, principal fonte da economia paraguaia. as famílias camponesas afirmam que cerca de 28 mil hectares de terras, nessa região, são propriedade pública, mas estão sob o controle de produtores de origem brasileira conhecidos como brasiguaios.
Os camponeses exigem ainda que o governo compre ou desaproprie as terras de Ulisses Rodrigues Teixeira, que representa um grupo empresarial brasileiro que controla extensas plantações de soja nos departamentos de São Pedro e Canindeyú. Um processo de compra de cerca de 22 mil hectares para assentamentos rurais, incentivado pelo governo, está parado desde o ano passado, após denúncias de suposta sobrevalorização do contrato com o organismo agrário oficial.