as revoluções árabes estão a tornar-se diferentes na medida em que cada ditador aprende com as manifestações anteriores e busca formas mais efectivas para conter a população, explicou o activista egípcio Wael Ghomin
as revoluções árabes estão a tornar-se diferentes na medida em que cada ditador aprende com as manifestações anteriores e busca formas mais efectivas para conter a população, explicou o activista egípcio Wael GhominMubarak foi arrogante o suficiente para pensar que não aconteceria no Egipto o que aconteceu na Tunísia, mas outros ditadores, quando perceberam o que está a acontecer, começaram a pensar em maneiras mais efectivas de impedir a revolução, afirmou o activista, citando as repressões recentes da Síria, Iémen e Bahrein. apontado pela revista Times como umas das 100 pessoas mais influentes do mundo em 2011, Ghonim ficou conhecido internacionalmente por ter sido um dos principais articuladores da revolução na Praça Tahrir, no Egipto, refere a agência Lusa. a queda do regime do ditador Hosni Mubarak deu-se em Fevereiro deste ano, resultante deste movimento revolucionário.
Na opinião do activista, cada país possui uma dinâmica própria e não há um padrão de revolução que possa ser aplicado às demais nações árabes que ainda enfrentam distúrbios internos. Wael Ghomin considerou que a revolução no Egipto ainda não está consumada, uma vez que nenhuma das exigências que levaram às manifestações foi conseguida até agora. Nós pedimos justiça social, pedimos liberdade e esses são valores que não serão atingidos agora, afirmou o egípcio, para quem a principal vitória conseguida até o momento foi ultrapassar a barreira psicológica do medo. E acrescentou: Se você tem cidadãos que não têm medo de dizer o que pensam, então podemos dizer que vencemos, acrescentou Ghonim numa participação virtual transmitida via satélite do Dubai para o festival de música negra Back2Black, do Rio de Janeiro.
Formado em engenharia da computação, Ghomin destacou a importância da internet e das redes sociais como alternativas aos grandes meios de comunicação. a parte mais importante disso, não apenas no Egipto ou na Tunísia, mas também nas demais partes do globo, é que as regras do jogo estão a mudar e o poder dos cidadãos a aumentar. O próximo passo é utilizar o poder da internet para enfrentar os novos desafios, defendeu ao citar, entre outros, o uso da rede como ferramenta de educação gratuita para alunos egípcios e a possibilidade de compartilhar experiências de outros países, como o Brasil. Foi relativamente fácil terminar com o pesadelo.começar a sonhar é mais difícil do que pensei, porque uma vez que você começa a sonhar, há muitas frentes nas quais é preciso trabalhar, destacou o activista. a sua participação virtual na conferência no Rio de Janeiro, no âmbito do festival de música negra Back2Black, a partir do Dubai, com transmissão via satélite, foi conduzida por alexandra Lucas Coelho, que esteve no Cairo no período das manifestações na Praça Tahrir e lançou o livro Tahrir – Os Dias da Revolução, durante o evento do Brasil.