a história é rica, e por vezes muito precisa, em relação ao povo que sai da sua terra para procurar outras condições de vida. São raros os que o não fizeram, de certa forma, todos passamos por isso, convém não esquecer
a história é rica, e por vezes muito precisa, em relação ao povo que sai da sua terra para procurar outras condições de vida. São raros os que o não fizeram, de certa forma, todos passamos por isso, convém não esquecerTem sido uma constante ao longo da história a procura (individual ou colectiva) de melhores condições de vida, aquilo que as pessoas não conseguem nos seus países procuram-no noutros, quantas vezes com elevados custos de toda a ordem. Na base desta opção de vida, para além das necessidades sentidas, está uma desorganização evidente dos responsáveis dos países na gestão dos recursos disponíveis, mesmo quando são territórios pobres.

Os direitos do ser humano deveriam ser invioláveis, mas tal não aconteceu outrora, nem sucede hoje na maior parte dos países existentes quer se arroguem de democráticos ou não. a Igreja, enquanto tal, procurou sempre colocar-se ao lado dos mais frágeis, salvo alguns desvios originados pelo poder ou interesses fora do contexto cristão, de que infelizmente também temos exemplos ao longo da história.

Este mês de agosto é um período em que os emigrantes portugueses, que se encontram a trabalhar no estrangeiro, regressam (os que podem e querem fazê-lo, pois a segunda geração destes está cada vez mais afastada dessa realidade) ao seu país de origem para passar algum tempo de férias. É o “matar” de saudades das pessoas e das coisas, bem ao hábito lusitano. Tendo isso em conta, a peregrinação internacional ao Santuário de Fátima de 12 e 13 de agosto é dedicada anualmente aos emigrantes.

Não foi por acaso que antónio Vitalino, presidente da Comissão Episcopal para a Mobilidade Humana referiu ontem à noite em Fátima, durante a missa da vigília, que “a caridade é que nos pode ajudar a vencer a crise”. É que a crise económica também está instalada noutros países, o que leva a maiores dificuldades para os nossos compatriotas, mas também para os naturais daqueles ou de outros que procuraram a nossa terra para trabalhar.

O bispo de Beja deu a receita: “Em tempo de crise económica não nos esqueçamos de continuar a ser acolhedores e hospitaleiros e não façamos aos outros aquilo que não gostaríamos que nos fizessem a nós”. Também as palavras do bispo de Cabo Verde na homilia festiva devem ser ponderadas. O prelado alertou para que os responsáveis políticos, económicos e culturais “assumam cabalmente o seu papel na sociedade” e “ninguém jamais se sinta forçado a emigrar por causa da perseguição, da guerra e da pobreza extrema”. É um apelo às responsabilidades, pela positiva, assim o entendam aqueles que detêm o poder.