Narcotraficantes peruanos terão atacado um grupo indígena isolado da região do acre. Em nota enviada à Lusa, funcionários da Fundação Nacional do índio admitem a hipótese de genocídio durante o alegado ataque
Narcotraficantes peruanos terão atacado um grupo indígena isolado da região do acre. Em nota enviada à Lusa, funcionários da Fundação Nacional do índio admitem a hipótese de genocídio durante o alegado ataqueEstamos mais preocupados do que nunca. Esta situação pode ser um dos maiores golpes já vistos nos trabalhos de protecção dos [índios] isolados, das últimas décadas, declarou Carlos Travassos, coordenador-geral de Índios Isolados. Uma catástrofe da nossa sociedade. Genocídio!. O grupo a que Carlos Travassos se refere não tem contacto com a civilização. Em 2008, as primeiras imagens desses índios, com flechas apontadas para o alto, percorreram o mundo. a Fundação Nacional do Índio (FUNaI) noticiou que uma das suas bases, localizada a 32 quilómetros da fronteira com o Peru, foi invadida e saqueada por traficantes peruanos no final de Julho. a 5 de agosto, os funcionários voltaram para uma inspecção à região. Segundo os relatos da Frente de Protecção Etnoambiental Envira, encontraram um acampamento nas proximidades da base, com um colchão, muitos sacos de açúcar, uma mochila com cascas de cartuchos roubados da base e um pedaço de flecha dos índios isolados. a flecha é uma espécie de bilhete de identidade dos isolados, explicou Carlos Travassos. achamos que os peruanos fizeram correria [massacre] de índios. Temos agora uma prova cabal. a polícia federal não confirmou o ataque. O exército brasileiro analisa o caso e ainda não possui informações para divulgar. Segundo Carlos Travassos, há pelo menos três grupos de traficantes peruanos nos arredores da base da FUNaI. após o primeiro ataque, as forças de segurança demoraram cerca de uma semana a chegar à região, que é de difícil acesso. Na operação, a polícia federal prendeu o narcotraficante português Joaquim Fadista. Segundo a FUNaI, a prisão ocorreu no dia 3 de agosto. Joaquim Fadista actua no Peru e já havia sido preso em território brasileiro em Março deste ano e extraditado para o país vizinho. Segundo a FUNaI, o português “voltou para a Base do Xinane à procura de uma mochila, supostamente com droga, que havia escondido na área meses atrás. O Brasil reforçou a segurança nos arredores da base. Na região são esperados o presidente da FUNaI, Márcio Meira, e a secretária Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, Regina Miki.