Entidades colombianas e internacionais reconhecem a acção social da associação de Cultivadores de Caguán e da polícia indígena do norte do Cauca com o “Prémio Nacional da Paz”.
Entidades colombianas e internacionais reconhecem a acção social da associação de Cultivadores de Caguán e da polícia indígena do norte do Cauca com o “Prémio Nacional da Paz”. O “Prémio Nacional da Paz” 2004, na Colômbia, foi atribuído a duas organizações: à associação de Cultivadores de Cacau de Caguán e à polícia indígena do Norte do Cauca. O prémio visa reconhecer e promover iniciativas que se opõem à violência e à violação dos direitos humanos. Num país onde há décadas reina a violência, iniciativas como estas são muito importantes.

O mérito destas duas organizações é sobejamente reconhecido na Colômbia. O território de Caguán é uma zona dominada pela guerrilha, cujo controlo o exército está a tentar recuperar por todos os meios. O cultivo do cacau apresenta-se como alternativa ao cultivo da coca, favorecido pela guerrilha. Surgida em 1989, a associação de Cultivadores de Cacau tem remado contra ventos e marés. a própria Política de fumigações, do governo, é adversa a este projecto.

a segunda associação, a polícia indígena do Cauca, promove a justiça e a paz. Os indígenas do norte do Cauca, zona também sujeita a fortes conflitos, pretendem recuperar a sua organização tradicional, que é reconhecida pela constituição colombiana.
O “Prémio Nacional da Paz” é atribuído anualmente na Colômbia, sob o patrocí­nio das Nações Unidas, da rede Caracol, dos jornais El Tiempo e El Colombiano, da revista Semana e da Fundação Friedrich Ebert Stiftung. Visa promover a paz, a humanização, a solidariedade e o entendimento civilizado entre os colombianos.

associação de Cultivadores de Cacau do Caguán
O projecto beneficia cerca de 150 famílias, promovendo a sua formação e a mudança de mentalidades. Pretende dissuadir o cultivo da coca, oferecendo em alternativa o cultivo do cacau, da borracha, das árvores de fruto locais e da criação de gado. através da formação de líderes, promove-se a convivência e a participação Política. Trata-se de um esforço de reconstrução do tecido social, que não dependa da violência, nem da coca.

Um projecto desta magnitude exige grande esforço. as famílias contam com o apoio da paróquia católica de Remolino del Caguán, dirigida pelos Missionários da Consolata. Contam também com o apoio do Fundo amazónico e da Igreja italiana.
é um projecto que exige muita coragem e determinação, uma vez que se insere num ambiente de violência e instabilidade social. O galardão agora atribuído premeia uma associação que é um sinal de esperança e um exemplo de desenvolvimento alternativo para a região e para o país.

polícia indígena do Norte do Cauca
a polícia indígena é um organismo ancestral, que se caracteriza pela resistência, unidade e autonomia em defesa do território e do projecto de vida das comunidades indígenas. O Norte do Cauca, onde os Missionários da Consolata têm uma forte presença, é uma zona de conflito armado entre a guerrilha, os paramilitares e o exército.

Como força neutral e respeitada, a polícia indígena é um organismo humanitário e de resistência civil. Os seus objectivos são a difusão da cultura ancestral e o exercício das próprias leis, com o mandato das suas assembleias.como única arma, usam a chota, o bastão de mando, que confere um valor simbólico à polícia indígena.

é uma força de 7. 500 homens, totalmente voluntários, que estão em formação permanente. Tratam temas como a resistência pacífica, a legislação indígena, os direitos humanos, a estratégia e emergências. No campo humanitário destaca-se pela procura de desaparecidos, libertação de prisioneiros, apoio à organização indígena, segurança e protecção. Desenvolvem uma acção deveras importante na resistência à violência armada e na luta contra a produção de cocaína.

a polícia indígena é reconhecida pela própria constituição colombiana de 1991. O seu lema é: “Guardar, cuidar, defender, preservar, sonhar os nossos sonhos, ouvir as nossas vozes, cantar os nossos cânticos, chorar as nossas lágrimas”.