Vivemos numa sociedade que tende a afastar os mais velhos, provocando duas calamidades simultaneamente: destroçam as pessoas e não aproveitam aquilo que ainda poderia ser uma grande fonte de desenvolvimento humano
Vivemos numa sociedade que tende a afastar os mais velhos, provocando duas calamidades simultaneamente: destroçam as pessoas e não aproveitam aquilo que ainda poderia ser uma grande fonte de desenvolvimento humanoOutrora os mais velhos, sobretudos os anciãos, eram respeitados e tratados com carinho e dignidade. Os conselhos que davam constituíam autênticos caminhos de vida para aqueles que os escutavam. Hoje, esta sociedade de consumo em que estamos inseridos, “arruma-os” para um canto, seja na família, no trabalho ou em qualquer sector. E essa forma de actuar está a verificar-se cada vez mais cedo, especialmente no mercado de trabalho. Os desempregados a partir de 45 anos são velhos para trabalhar e novos para se reformarem, mas que paradoxo que revela a insanidade a que a economia de um país chegou.
a esperança média de vida tem aumentado nos últimos anos na generalidade do planeta. Em Portugal, de acordo com os últimos dados do INE, os homens tem uma expectativa de vida de 76 anos e as mulheres de 82. Não é preciso uma formatura em matemática, coisa que os portugueses parecem detestar, para concluirmos que se perdem mais de 20 de anos em mais-valias que os indivíduos a partir dos 50 anos poderiam dar à sociedade. Se há cidadãos cuja saúde possa ser precária, isso normalmente sucede em idades mais avançadas, ficando no meio uma faixa etária capaz de trabalhar, colaborando em algo.
Constatando que Portugal não renova as suas gerações há 28 anos, há necessidade urgente da adopção de medidas capazes de contrariar o impacto negativo do envelhecimento das pessoas e da economia nacional. Se não há renovação de gerações, pois a natalidade continua a baixar drasticamente, então há que dar novo impulso na procura e incentivo de meios para oferecer aos mais velhos, contribuindo inclusive para que estes (através do seu trabalho) tenham uma vida mais digna com um envelhecimento saudável. É preciso imaginação das pessoas, das instituições, mas também dos responsáveis deste país, para rentabilizar a experiência de vida que existe em cada um daqueles que ultrapassaram a barreira da juventude.

Segundo estudos demográficos recentemente apresentados, prevê-se que daqui a quatro décadas haja 32% da população portuguesa com mais de 65 anos, ou seja, os portugueses sentirão na pele, cada vez mais, o tratamento de “inúteis” a que estão votados. Governo, empresas, sindicatos têm de apostar em políticas que passam pela compatibilização entre trabalho e família (para todos os graus etários). Em relação aos mais velhos é importante incentivar a sua transmissão de conhecimentos que pode servir de motivação e apoio aos mais novos. Por outro lado, há que reformular os conceitos e políticas de reforma, evitando a estagnação dos idosos, pois só assim poderemos contribuir para que a velhice não seja um fardo, mas antes um valor individual e colectivo.