antónio Marto, bispo de Leiria-Fátima surpreendeu ao afirmar as virtudes de Francisco, durante a homilia da Eucaristia após a bênção das imagens dos beatos Francisco e Jacinta, em Fátima
antónio Marto, bispo de Leiria-Fátima surpreendeu ao afirmar as virtudes de Francisco, durante a homilia da Eucaristia após a bênção das imagens dos beatos Francisco e Jacinta, em FátimaÉ conhecido o apreço que o titular desta diocese nutre pelos mais pequenos, e revelou-o de forma muito carinhosa na homilia proferida na missa concelebrada na nova capela das Carmelitas que agora acolhe os dois pastorinhos que dão o nome àquele espaço de oração. ao abordar as virtudes de Francisco disse que era: “Um meditativo, contemplativo e místico, um enamorado de Deus”, mas acrescentou algo mais que merece ser reflectido: “Um pequeno teólogo”.

Certamente que baseou a afirmação na forma de ser do beato, na adoração a “Deus escondido”, como ele dizia, mas também no amor que Francisco nutria pelo Senhor “Gosto tanto de Deus”, dizia ele. Francisco não foi um estudioso desta ciência, nem escreveu sobre ela, mas soube interpretar no seu íntimo – pela vivência para com os outros, mas sobretudo no amor sem limites que dedicava a Deus em todos os momentos que lhe era possível – tornando-se num exemplo de doação permanente e cultivando as virtudes para agradar ao Senhor.

Pela via do amor a Deus e pela simplicidade própria que o levava muitas vezes a “esconder-se” para orar, longe das vistas de outros, mesmo da Jacinta e de Lúcia, procurava no isolamento encontrar a paz necessária para adorar o altíssimo. Quando sua prima Lúcia um dia lhe perguntou porque não as chamava para rezar também, ele respondeu: “Porque gosto mais de rezar sozinho”, o que revela o desejo de uma exclusividade para com o bom Deus.

a sua teologia era o amor: “Gostei muito de ver o anjo, mas gostei ainda mais de Nossa Senhora. Do que gostei mais foi de ver a Nosso Senhor, naquela luz que Nossa Senhora nos meteu no peito. Gosto tanto de Deus! Mas Ele está triste, por causa de tantos pecados! Nós nunca havemos de fazer nenhum”. Quando um dia Lúcia lhe perguntou que fazia em cima de um penedo, ele exclamou: “Estou a pensar em Deus que está triste, por causa de tantos pecados! Se eu fosse capaz de Lhe dar alegria!”.

Lúcia disse ainda que o que mais impressionava ou absorvia Francisco era Deus, a Santíssima Trindade. “Nós estávamos a arder, naquela luz que é Deus e não nos queimávamos.como é Deus! Não se pode dizer!”. O Cardeal Saraiva Martins, que era responsável no Vaticano pela Causa dos Santos, quando recebeu os pedidos de beatificação/canonização das crianças resolveu consultar os teólogos sobre a capacidade das crianças para o exercício heróico das virtudes.

Em relação ao Francisco, o cardeal diz que um dos examinadores da questão terá ficado impressionado “por um encanto especial, ao admirar uma criatura com tanta ternura, com uma oração tão fervorosa e por vezes extática, com admirável espírito de mortificação e penitência e com humildade cristalina”. Será que esta apreciação não definirá já na prática “um pequeno teólogo”? apesar de leigos na matéria, tudo nos leva a crer que a resposta poderá ser afirmativa, porque Deus escolhe os humildes e rectos de coração para a Sua vinha.