«Seja qual for o desfecho, como o Senhor é meu pastor, nada me faltará». Estas foram as palavras, em jeito de despedida, do último artigo que Maria José Nogueira Pinto escreveu no Diário de notícias onde era colunista
«Seja qual for o desfecho, como o Senhor é meu pastor, nada me faltará». Estas foram as palavras, em jeito de despedida, do último artigo que Maria José Nogueira Pinto escreveu no Diário de notícias onde era colunistaCatólica convicta, diz ter sentido certezas, que partem de uma fé profunda no amor de Cristo, que sempre nos diz – como repetiu João Paulo II – “não tenhais medo”. Graças a Deus nunca tive medo. Nem das fugas, nem dos amílcars, nem da perseguição, nem da incerteza.

Num texto em que perpassa a sua vida destaca-se como mulher de fé e de convicções e como no salmo, o Senhor foi sempre o meu pastor e por isso nada me faltou -mesmo quando faltava tudo. Na vida política activa, bateu-se por causas cívicas umas vitoriosas, outras derrotadas, desde a defesa da unidade do país contra regionalismos centrífugos, até à defesa da vida e dos mais fracos entre os fracos.

Nos últimos tempos, mais difíceis e de luta pela vida, Maria José Nogueira Pinto, mãe, mulher, responsável pela Santa Casa da Misericórdia, deputada, directora da Maternidade alfredo da Costa, foram muitos os cargos que ocupou ao longo da vida. Nos últimos tempos lutava contra o cancro do pâncreas. Nas fraquezas e limites da condição humana, tentei travar esse bom combate de que fala o apóstolo Paulo. E guardei a Fé, escreveu.

Tem sido bom viver estes tempos felizes e difíceis, porque uma vida boa não é uma boa vida. Estou agora num combate mais pessoal, contra um inimigo subtil, silencioso, traiçoeiro. Neste combate conto com a ciência dos homens e com a graça de Deus, Pai de nós todos, para não ter medo. E também com a família e com os amigos. Esperando o pior, mas confiando no melhor. Casada cerca de 40 anos com Jaime Nogueira Pinto, matrimónio do qual nasceram três filhos, Maria José Nogueira Pinto faleceu aos 59 anos.