Na reflexão para o mês de Julho, o padre Ramón Cazallas aborda a questão do sofrimento e das estruturas de pecado
Na reflexão para o mês de Julho, o padre Ramón Cazallas aborda a questão do sofrimento e das estruturas de pecadoO tema do sofrimento está presente em toda a história da salvação e, mais ainda, em toda a história dos povos e culturas, escreve o missionário da Consolata, na reflexão de Julho do calendário meditado para este ano europeu do voluntariado. Os quatro Evangelhos retratam a paixão e sofrimento de Jesus enquanto na Bíblia, as páginas mais trágicas e sábias encontramo-las no livro de Job como resposta à pergunta sempre nova e sempre antiga sobre o sofrimento do justo.

O sofrimento faz parte da natureza humana e não é consequência do pecado como alguns o apresentam sempre, defende Ramón Cazallas. O sofrimento faz parte da natureza em geral porque ela tem os seus limites, uns inerentes à própria natureza outros provocados pelo homem, pela sociedade ou por fenómenos naturais que atingem a pessoa humana, diz o sacerdote. Perante os problemas, as pessoas podem ter atitudes positivas ou negativas: Podem enfrentar os problemas e muitas vezes aliviá-los ou conseguir que desapareçam.

Numa análise às mais diversas situações do mundo, o missionário aponta situações de injustiça humana derivadas de leis injustas ou da má distribuição das riquezas (o direito ao emprego, à saúde, à cultura, à habitação), por fenómenos da natureza (terramotos, vulcões, inundações) e ainda o sofrimento causado por uma desgraça familiar, pelas doenças ou pela solidão que a vida apresenta.

Os conflitos políticos e de violência em alguns locais do mundo ceifaram cerca de 17 milhões de vidas em menos de meio século. E os gastos: nos anos 80, foram calculados em um trilião (mil milhões) de dólares, isto é, cinco por cento do total dos rendimentos mundiais.
Para Ramón Cazallas é necessário recordar a importância e a urgência que todos os responsáveis políticos e económicos têm de agir de maneira que estas enormes quantias destinadas à morte, tanto no hemisfério Norte como no hemisfério Sul, passem a sê-lo em prol da vida. Seria uma ocasião para tornar disponíveis importantes recursos financeiros a favor dos países em vias de desenvolvimento, indispensáveis para o seu progresso autêntico.

Uma estrutura de pecado a que se refere o sacerdote é a exportação de armas. Neste campo, prospera a corrupção, mas o mal é ainda mais profundo, salienta. Este é um exemplo de sofrimento para muitos povos e pessoas que não é novo, mas não dá sinais de parar. Estão em jogo muitos milhões de pessoas, acrescenta. Por isso o desafio é maior: Podemos ficar indiferentes perante tanto sofrimento que produz mortes, fome, refugiados e insegurança das pessoas?