Um povo humilde, rico de vida e de fé foi em peregrinação a Roma, por ocasião do 75º aniversário do martí­rio do beato Zeferino Giménez Malla, um cigano mártir da fé, de origem espanhola
Um povo humilde, rico de vida e de fé foi em peregrinação a Roma, por ocasião do 75º aniversário do martí­rio do beato Zeferino Giménez Malla, um cigano mártir da fé, de origem espanholaEra membro de um povo de ciganos, que hoje conta cerca de 36 milhões em todo o mundo: 18 milhões na Índia, 15 na Europa e mais de dois milhões no continente americano. a 11 de Junho, o Papa recebeu no Vaticano, pela primeira vez na história da Igreja, mais de dois mil ciganos, de diversos países europeus. Foi um gesto histórico e altamente simbólico, que testemunha que a Igreja quer que os rom, os sinti e todos aqueles que se identificam como povo cigano, sejam reconhecidos como uma minoria europeia com direitos e deveres. O facto é tanto mais significativo, quanto se multiplicam pela Europa fora episódios de rejeição dos ciganos. ao mesmo tempo, revela que o próprio povo cigano manifesta uma vontade crescente de integrar-se nas comunidades onde vivem.com este gesto o Papa pretendeu acentuar a mudança em curso na história deste povo. Na sua simplicidade, os mais de dois mil ciganos entraramna sala Nervi, do Vaticano, reluzentes de alegria, adornados de várias cores, sob o olhar atento e estupefacto dos guardas suíços. Numerosas mães com seus filhos nos braços eram um sinal de vida pujante numa Europa envelhecida e de baixa natalidade. Viam-se homens e jovens de rosário ao pescoço, sem algum complexo. Finalmente o Papa entra na sala e seguem-se testemunhos eloquentes. Uma idosa austríaca lembra o massacre esquecido de auschwitz, que dizimou meio milhão de rom; uma religiosa eslovena sublinha o valor do acolhimento na Igreja; uma mãe exprime preocupação pelo futuro dos seus filhos; um jovem de 18 anos manifesta o desejo de ter trabalho e uma casa. Bento XVI escuta e responde com um discurso histórico. apela à urgência de colocar os ciganos, hoje considerados os últimos, no primeiro lugar do amor da Igreja, não nas margens, mas no coração da Igreja. Convida as Igrejas locais a cultivar este lugar de fé e caridade, investindo meios e pessoas para que os ciganos não se sintam sós e longe da Igreja. Em seguida o Papa referiu-se ao genocídio de meio milhãode ciganos, vítimas do nazismo, que iniciou com o sacrifício de 2. 500 crianças. Um pecado grave da Europa cristã, do qual João Paulo II já pediu perdão: Nunca mais o vosso povo seja objecto de vexames, de desprezo e de rejeição. Nunca mais, como acontece muitas vezes, na escola, no trabalho, onde quer que seja, mas sobretudo nos corações egoístas e discriminadores. Por fim, o Santo Padre convidou os ciganos, seguindo o exemplo do beato Zeferino, a não responderem ao mal com o mal, mas com o bem. Perante o desprezo, a injustiça,o ódio, a violência, é importante reagir com o melhor da própria história, da própria cultura e da própria religiosidade. São valores como a centralidade da vida familiar, a atenção aos filhos, o sentido do acolhimento e a não-violência, que Bento XVI indicou também à Europa cristã.