Povo folgazão e alegre da área suburbana de Salvador aproveita a longa ponte de São João para afogar mágoas e agruras da vida em longas noites de diversão. Os gastos e a perda de horas de trabalho tornam o viver ainda mais duro e difícil
Povo folgazão e alegre da área suburbana de Salvador aproveita a longa ponte de São João para afogar mágoas e agruras da vida em longas noites de diversão. Os gastos e a perda de horas de trabalho tornam o viver ainda mais duro e difícilUma viagem transatlântica provoca alterações do sono. É o efeito do chamado jetleg, provocado pela diferença de fuso horário. acordei várias vezes, altas horas da noite, ouvindo o canto do galo, bem perto da minha residência. a sua voz sonora e de alerta misturava-se com o ruído da música hard, alguns decibéis acima do tolerável, proveniente do largo fronteiriço da igreja. O estoiro ruidoso das bombinhas e dos petardos, nos intervalos musicais, juntava-se ao cantar do galo.

a minha viagem ao Brasil coincidiu com o período das festas juninas que, em Portugal, chamamos dos santos populares. São João, este ano, beneficiou de uma longa ponte, desde a festa do Corpo de Deus até ao fim-de-semana. Durante toda a noite desses longos dias, em Plataforma, na rua e no largo da igreja de São Brás, uma multidão de folgazões não deu descanso ao pé. a confusão favoreceu os amigos do alheio, que não tiveram mãos a medir na sua actividade de renda fácil.

Tasquinhas e bancas de comes e bebes invadiram grande parte do largo fronteiriço da igreja, para dar novo vigor aos corpos cansados dos festeiros e refrescar as suas gargantas secas. Vieram de todos os cantos do bairro, mas a maioria acorreu de fora, chegando mesmo a impedir o trânsito da rua principal de Plataforma. a festa dura a noite inteira, até de manhãzinha.começam a despontar os primeiros raios de luz e tornam-se visíveis na praça, agora já quase deserta, os restos da festa. E o galo, que cantara toda a noite, canta agora, sim, para anunciar o novo dia. Dia de trabalho que os foliões dificilmente poderão honrar, devido ao cansaço acumulado com a farra de noites seguidas.