“Pensar Deus nestes tempos e sobretudo torná-lo visí­vel, dar-lhe relevância, implica dar à fé um certo tom” foi a tónica colocada por arnaldo de Pinho na conferência que abriu os trabalhos deste simpósio sob o lema “adorar Deus em Espírito e verdade”
“Pensar Deus nestes tempos e sobretudo torná-lo visí­vel, dar-lhe relevância, implica dar à fé um certo tom” foi a tónica colocada por arnaldo de Pinho na conferência que abriu os trabalhos deste simpósio sob o lema “adorar Deus em Espírito e verdade”Para enunciar a questão de Deus na cultura ocidental hoje, o orador fê-lo a partir de Nietzsche e da sua ampla recepção na cultura contemporânea, especialmente a partir da sua leitura por M. Heidegger. alertando para a necessidade de fazer a distinção entre o santo e sagrado, disse ser preciso repensar a cultura cristã em face à cultura contemporânea e fazendo a distinção entre a situação religiosa nos US a e Europa, constatando o sentimento moderno do desaparecimento da cultura de Deus. Deus é amor, mas a sombra de Deus morto continua a viver na gramática, pois alguns não compreendem a verdadeira adoração. O Deus cristão não tem rosto, o homem anda sempre à procura do rosto (exemplo da arte cristã), é a história do Ocidente, perda e encontro. Encontramos agora a desconstrução, não do bem, mas do mal.com a morte de Deus abre-se caminho à não-aceitação dos seus valores, mas de outros. Há uma rejeição do que é dogmático. O Deus da revelação é aquele que não se deixa aprisionar. Daí a procura de outros valores de liberdade, tal como aconteceu com a declaração dos Direitos do Homem, a Revolução Francesa, etc. , ou seja, uma liberdade sem Deus. a liberdade ocidental vai numa linha contextualizada do sujeito sem ideias transcendentais, frisou arnaldo Pinho, onde as pessoas apenas se interessam pelo seu espaço privado, desvalorizando os princípios de uma vivência na procura do divino. adorar Deus em espírito de verdade que significa hoje? Recolocar no centro Deus como mistério, foi a resposta do orador, justificando-a na história ocidental como perda e recomeço (descoberta) de Deus. Parece que hoje faltam os apoios da normalização da fé e cultura, perdeu-se o sentido da verdade e da verdadeira beleza. O Mundo aparece sem valor, aboliu Deus como mistério. Mistério é o homem perante Deus e aqui questionou a Igreja em relação à liturgia, dizendo que se perdeu o sentido do silêncio (da adoração a Deus) e lembrando a oferta e gratuidade (liberdade, doação, existência). No concernente à teologia da revelação, apontou as tónicas de fé: espírito forte e paciente, a força, como caminhos de liberdade para criar a aproximação a Deus. Um problema é o cristianismo ser vivido como um fardo e não como gratuidade, citando Bento XVI. a experiência do sagrado é meta, como radical surpresa, para sermos atingidos na nossa experiência humana. Experiência e testemunho são fundamentais e constituem o nosso melhor contributo à cultura contemporânea, acentuou, a finalizar a exposição.