Fraternidade requer «uma decisão concreta de acolhimento e proximidade em relação ao outro e a cada um dos outros, como eles realmente são e acontecem. O que torna a fraternidade o item mais custoso da trilogia contemporânea»
Fraternidade requer «uma decisão concreta de acolhimento e proximidade em relação ao outro e a cada um dos outros, como eles realmente são e acontecem. O que torna a fraternidade o item mais custoso da trilogia contemporânea»O presidente da Comissão Episcopal da Cultura e Bens Culturais considera que a fraternidade requer motivação e pedagogia e ultrapassa o pluralismo religioso. Não se trata apenas de aceitar o Deus dos outros, importa aceitar Deus nos outros. Manuel Clemente defendeu que a fraternidade se aprende, logo desde pequeno, em família. É óptimo alargar a convivência aos que, não sendo de sangue, fazem desse sentimento a substância duma política de todos para todos, disse durante a sétima Jornada da Pastoral da Cultura.

a fraternidade exclui a massificação e o individualismo, salientou o também bispo do Porto. assemelha-se a personalidade ou personalismo, ser com os outros e para os outros, somando particularidades, sem nunca omitir nem dispensar nenhuma delas. O prelado considera ainda que requer presença mútua, rosto próprio e escuta atenta e conjuga subsidiariedade e solidariedade na Doutrina Social da Igreja.

No debate que juntou Carvalho da Silva, da CGTP-inter sindical e o reitor da Universidade Católica, Braga da Cruz, o sindicalista defendeu que não podemos deixar fragilizar o Estado Social e temos que ter presente que os direitos que hoje temos – na Saúde, Segurança Social, Educação – que estão universalizados não podem ter recuo.

O país não pode passar para um patamar de entregar o apoio a certas condições para um mínimo de dignidade dos cidadãos a actos de caridade, afirmou Carvalho da Silva. O secretário-geral da inter sindical aponta que esta situação eliminava a dimensão do universalismo e a responsabilização. O responsável disse acreditar que a sociedade portuguesa vai sair mais fraterna da crise actual, ainda que haja recuos nos direitos sociais.

Não é fácil fazer o elogio da fraternidade numa sociedade em que um número muito significativo de crianças e jovens não sabem o que é ter um irmão e em que tanta gente vive só e isolada sem qualquer espécie de apoio, de família, afirmou o reitor da Universidade Católica. ainda assim, Manuel Braga da Cruz salientou que continua a ser valor partilhado e a mobilizar gestos poderosos e a entrega a causas nobres.

Para o responsável da Universidade Católica fraternidade é o elo de ligação da diversidade. Esta última (diversidade) constitui condição da fraternidade, agrega e cimenta a convivência entre os homens, disse. É a unidade da desigualdade, o denominador comum da diferenciação, acrescentou Manuel Braga da Cruz.