Disputas sobre direitos de acesso a nascentes de água causam mortos e desalojados em vários lugares do Quénia. a Igreja Católica apela a uma solução pacífica e dialogada.
Disputas sobre direitos de acesso a nascentes de água causam mortos e desalojados em vários lugares do Quénia. a Igreja Católica apela a uma solução pacífica e dialogada. No Quénia a água é uma comodidade que escasseia. Florestas destruídas por interesses económicos e torrentes desviadas para grandes explorações agrícolas tornam ainda mais raro esse precioso bem. Os rios estão sempre mais secos e a paisagem mais nua. Nas últimas semanas vários conflitos nalguns distritos do país trouxeram às primeiras páginas este problema.

Por agora são especialmente os grupos e clãs de pastores quem mais violentamente se manifesta, mesmo até ao derramamento de sangue. Os pontos de água são disputados entre eles e, quando a água falta, há sempre quem aponte o dedo para culpados reais ou imaginários.

Em Naivasha, 100 km a norte de Nairobi, uma dessas disputas deixou há dias 13 mortos, 20 feridos e 20 casas queimadas. Na zona habitada pelos Pokot, conta-se um morto, seis feridos, 30 casas queimadas e 6. 000 desalojados. Em Mandera 30 pessoas perderam a vida, 30. 000 estão desalojados e há um grande número de feridos numa disputa entre dois clãs, os Murule e os Garre, sempre por questões de direito à água.

Problemas como estes são noticiados diariamente e a Igreja Católica vai alertando as autoridades para a eminência de distúrbios ainda mais graves, se não se intervier com soluções adequadas. Os bispos de Kitale e de Lodwar vieram agora a público com um comunicado apelando à calma. “Como Pastores da Igreja, apelamos a ambos os grupos para que se evite cair no precipí­cio”, escreveram.

Num país em que pequenas disputas frequentemente degeneram em grandes lutas, este problema requer soluções rápidas e justas para que não sejam mais uma vez os mais pobres e desprotegidos a pagar o preço.

tobiasoliveira@katamail.com