Trabalho infantil afecta um milhão de crianças moçambicanas, entre os 7 e os 17 anos. Durante longas horas no trabalho doméstico, com risco de abuso sexual dos empregadores, ou no trabalho informal das ruas na recolha de sucata, correm vários riscos
Trabalho infantil afecta um milhão de crianças moçambicanas, entre os 7 e os 17 anos. Durante longas horas no trabalho doméstico, com risco de abuso sexual dos empregadores, ou no trabalho informal das ruas na recolha de sucata, correm vários riscosEssas crianças estão a trabalhar na agricultura, pecuária, caça e pesca e 15 por cento já contraíram ferimentos ou lesões no seu local de trabalho, principalmente na agricultura, refere a organização das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). a declaração foi proferida por ocasião do Dia Mundial contra o Trabalho Infantil, que se assinala hoje, 12 de Junho. Os dados resultam de um relatório de 2010, sobre o trabalho infantil em Moçambique. a maior parte das crianças-trabalhadoras fazem-no sem remuneração para a família. Estima-se que 22 por centodas crianças entre os 5 e os 14 anos de idade estejam, de alguma forma, envolvidas numa actividade económica. a situação do trabalho infantil em Moçambique é grave e alarmante, resume a UNICEF, considerando, no entanto, que o país já avançou de forma importante no âmbito legal. O governo está comprometido com a prevenção e eliminação do trabalho infantil, tendo ratificado as principais convenções internacionais nesta área. Mas a UNICEF recorda que o governo, entre outras medidas, deve definir a lista de trabalhos não perigosos para esclarecer quais os trabalhos que crianças entre 15 e 18 anos estão autorizadas a executar. Deste modo reforça o papel da inspecção do trabalho. Embora passos importantes tenham sido tomados com vista a melhorar a situação, as violações dos direitos da criança constituem uma preocupação cada vez mais crescente em várias áreas.

Muitas crianças moçambicanas com idades entre os 12 e 15 anos, regra geral, declaram que trabalham mais de oito horas por dia, com risco de danos físicos, intelectuais e morais. a pobreza tem-se agravado e os pais julgam que trabalhar é útil, pelo que existem cada vez mais crianças que entram no mercado do trabalho. Segundo o sociólogo moçambicano Carlos Serra, as crianças trabalhadoras continuam a concentrar-se na agricultura, nos serviços domésticos e, nas zonas urbanas, no sector informal, em virtude de ficarem mais escondidas do escrutínio público. Hoje em dia a violência do trabalho infantil inaceitável depende grandemente da invisibilidade das suas vítimas; os empregadores fecham as suas crianças trabalhadoras num véu apertado de secretismo e isolamento.