Zimbabueanos só deverão ir às urnas em meados do próximo ano, embora Robert Mugabe, que se encontra no poder desde 1980, defenda eleições até ao final deste ano. O país terá, primeiro, de criar condições para ter um governo legítimo eleito pelo povo
Zimbabueanos só deverão ir às urnas em meados do próximo ano, embora Robert Mugabe, que se encontra no poder desde 1980, defenda eleições até ao final deste ano. O país terá, primeiro, de criar condições para ter um governo legítimo eleito pelo povoO ministro zimbabueano do Planeamento Económico e Promoção do Investimento defendeu um prazo alargado para as eleições. Se tudo o que há a fazer “fosse feito correctamente”, só lá para meados do próximo ano”. Em entrevista à agência Lusa, Tapiwa Mashakada contrariou o presidente do Zimabué, que quer eleições até ao final deste ano. Colocado perante esta divergência, o governante respondeu: Toda a gente quer eleições, para que se possa ter um governo legítimo eleito pelo povo. E isso é bom. Mas, no caso do Zimbabué, temos de criar as condições para termos eleições livres e justas. Precisamos de completar a constituição e implementar outras reformas eleitorais. E explicou que seis meses não são suficientes: Há muito trabalho a fazer. O presidente Mugabe tem esse desejo, mas na prática não é possível.

Está em curso a preparação de uma nova constituição. Tapiwa Mashakada não tem uma previsão de quando poderá estar concluída. Foram criados os comités para desenvolver a constituição e está neste momento a ser preparado um rascunho do texto, que ainda não sei quando estará pronto”. Em Joanesburgo, está a decorrer uma cimeira extraordinária destinada a estabelecer o calendário e itinerário do processo de normalização democrática do Zimbabué, que culminará com a realização das eleições. Na cimeira, os chefes de Estado e de governo da Comunidade para o Desenvolvimento da África austral (SaDC) tentam melhorar a situação política do Zimbabué, que nos últimos meses se tem agravado, com episódios de violência e aumento da tensão entre o presidente Mugabe e o primeiro-ministro Morgan Tsvangirai, do Movimento para a Mudança Democrática (MDC).

a assinatura do acordo político global (GPa), de 2009, deu origem à criação do actual Governo de Unidade Nacional, mas a convivência de ambos é difícil. Morgan Tsvangirai acusa o presidente Robert Mugabe de bloquear as reformas indispensáveis à implementação do GP a e de tomar decisões unilaterais contra o espírito do acordo. Por sua vez, o presidente acusa a União Europeia e os Estados Unidos da américa de responsabilidade na crise do país em resultado das sanções que impuseram ao Zimbabué. Considerando o primeiro-ministro amigo do Ocidente, Mugabe pressiona-o a convencer os países ocidentais a levantarem as sanções, em troca de uma maior flexibilidade das suas posições. O ministro do Planeamento Económico e Promoção do Investimento não arrisca a dizer quando será possível um clima de verdadeira estabilidade política. É difícil de prever. Qualquer coisa pode acontecer. Temos que caminhar dia-a-dia”, conclui Tapiwa Mashakada.