15 anitos a jorrarem genica e alegria empolgam a aldeia.com o seu jeito feliz de viver, Graça arrasta atrás de si crianças e adultos
15 anitos a jorrarem genica e alegria empolgam a aldeia.com o seu jeito feliz de viver, Graça arrasta atrás de si crianças e adultos a aldeia corria o risco de ficar vazia. Uns emigraram, outros sai­ram para es­tudar. Há os que consti­tuí­ram família noutras localidades. Que triste que está a ficar a aldeia! Graça passou, pela primeira vez, ao lado da casa da Mariana sem a chamar. a sua grande amiga deixara a terra no início do ano lectivo. Porque quereriam todos sair? Para quê mais estudos ou mais dinheiro? Não eram felizes ali? E se lhes acontecer, para onde vão, perigos que dizem existir e que dão medo só de pensar!? Os pensamentos atropelam-se na sua mente, enquanto, de passo vagaroso, percorre os caminhos, agora sem a animação de outros tempos. a sua imensa energia e alegria tendiam a definhar. – Graça, podes cuidar um tempinho da Sofia?, pediu-lhe a vizinha, entrando no seu quintal já com a Sofia ao colo e a sacola das emergências. – Sim, sim, Natália!, saltitou, pedindo os bracinhos de Sofia que se atirou logo para o seu colo. Graça abandonou a inércia que a invadira e, com a Sofia às cavalitas, percorreu as casas das vizinhas, mostrando a bebé mais novinha da aldeia. E conversava, conversava. as gargalhadas eram bem-vindas a todas aquelas pessoas simples e atarefadas. E não só! Conhecia bem as dificuldades de cada vizinho e servia de pombo-correio das ajudas que era preciso fazer chegar. E chegavam. Os fins-de-semana traziam às crianças a liberdade da escola. Os 15 anos da Graça e a sua forma feliz de viver não a deixavam inactiva. – Quem quer dar um passeio ao pinheiro grande? Levo uma bola para fazer lá um jogo de futebol, foi apregoando de casa em casa. Das crianças da aldeia não faltava nenhuma. alguns pais juntaram-se e aproveitaram para ter um dia diferente. No largo de terra batida, à volta do pinheiro grande, foi maravilhoso para crianças e adultos. Os pais envolveram-se e organizaram jogos infantis que julgavam já ter esquecido. Encontraram em si sentimentos que os faziam sorrir e descobrir uma parte bonita e esquecida da sua história. Graça vibrava com aquela felicidade. Empoleirou-se num tronco caído e anunciou:- Hei, pessoal! No primeiro domingo de cada mês, depois do almoço, podemos fazer um passeio a um sítio diferente? Quem alinha? Teve palmas de mãozinhas pequeninas e palmas de mãos poderosas e calejadas. Confiavam naquela rapariguinha amiga e alegre, com quem as crianças gostavam de estar. E reviveram felicidades que aproximaram filhos pais e vizinhos. E a aldeia tomou mais vida. No Verão seguinte, os estudantes e emigrantes voltaram à aldeia e puderam juntar os seus contributos. Num piquenique à volta do pinheiro, para lembrar o primeiro encontro, toda a aldeia partilhou a felicidade dos que estavam e dos que regressavam. Era uma aldeia mais fraterna. a Graça fora o instrumento da bênção de que precisavam. Passaram os anos, as crianças cresceram e sairam da aldeia para estudar ou trabalhar. Mas regressavam sempre. Os velhinhos aumentavam. a Graça mantinha a vitalidade dos encontros que já ninguém dispensava e todos ansiavam. Um dia, foi a sua vez de partir. aos 31 anos, foi estudar mais. Levou consigo o dinamismo e a felicidade imensa de provocar unidade e felicidade. aceitou um trabalho numa escola. Sentia–se re­ali­zada junto de crianças. Havia algo de especial nesta senhora que se tornou, sem se saber porquê, numa das grandes confidentes dos alunos. Mas, nos tempos livres, o lugar da Graça era na sua aldeia. a sua presença continua a ser bênção que congrega a sua gente e lhe permite experimentar jeitos simples de felicidade.