Milhares de refugiados e trabalhadores migrantes envolveram-se nos últimos dias em distúrbios num campo próximo à fronteira da Tunísia com a Líbia. Nações Unidas pedem apoio para enfrentar situação
Milhares de refugiados e trabalhadores migrantes envolveram-se nos últimos dias em distúrbios num campo próximo à fronteira da Tunísia com a Líbia. Nações Unidas pedem apoio para enfrentar situaçãoO campo de Choucha, no leste da Tunísia, abriga mais de quatro mil trabalhadores migrantes e refugiados – a maioria deles formada por somalis, eritreus e sudaneses – que fugiram do conflito na Líbia desde Março. Um tiroteio no campo matou, na semana passada, quatro eritreus e destruiu 20 tendas. a causa do conflito está a ser investigada. Posteriormente, um grande grupo de trabalhadores migrantes cercou o escritório do alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (aCNUR) no campo, pedindo alojamento imediato, informou a porta-voz da organização, Melissa Fleming, aos jornalistas em Genebra. Os nossos funcionários e outros trabalhadores humanitários receberam ameaças de morte e foram obrigados a retirar-se.

Os manifestantes causaram perturbações entre a comunidade tunisina local, bloqueando a principal avenida em Ras adjir. Seguiram-se outros confrontos entre vários grupos do campo, tendo morrido, ao menos, duas pessoas. a situação piorou quando 500 habitantes locais se juntaram à violência. Outras barracas foram saqueadas e queimadas e muitos residentes do campo fugiram para as áreas desérticas na região. as autoridades tunisinas conseguiram restaurar a ordem na noite de terça-feira, 24 de Maio. Cerca de dois terços do campo tinha sido saqueado e destruído. a maioria dos residentes perdeu todos ou quase todos seus pertences e, neste momento, estão a viver em barracas de plástico improvisadas ou a céu aberto. O exército tunisino com o aCNUR distribuiu colchões, cobertores e alimentação aos mais necessitados.

O aCNUR tem reunido com representantes de todas as comunidades residentes no campo de Choucha e com as autoridades locais e centrais da Tunísia, para tentar aliviar as tensões. Todos concordam que a prioridade imediata é garantir a segurança no campo e encontrar soluções distintas para migrantes e refugiados. Desde Fevereiro, a Tunísia tem enfrentado uma onda massiva de refugiados que atravessa as suas fronteiras com a Líbia. as tensões geradas por este processo têm de ser reduzidas, afirmou Melissa Fleming. Estamos novamente a pedir aos doares e aos países de alojamento que façam uma contribuição adicional para o programa de retirada humanitária realizado pela Organização Internacional para Migrações (OIM), e que ofereçam novas oportunidades de alojamento aos refugiados.